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Paquistão manda civis abandonarem zona conflagrada
População aproveita pausa em ataques para fugir do vale
do Swat, cenário de combates entre o Exército e o Taleban
"Ficar aqui representa a
morte", diz morador do
Swat; ofensiva militar tem
apoio popular, mas divide os
habitantes de área afetada
DA REDAÇÃO
O Exército paquistanês ordenou que moradores deixem zonas conflagradas do vale do
Swat, campo de combates com
o Taleban. Dezenas de milhares
de residentes partiram ontem
em motos, bicicletas, carroças e
a pé, deixando a maioria dos
pertences, aproveitando uma
breve trégua e suspensão do toque de recolher. A circulação de
veículos civis foi restringida.
"Todo mundo quer sair deste
inferno", disse Zubair Khan,
morador de Mingora, a principal cidade do vale, falando por
telefone com a Reuters. "Eles
ainda não sabem para onde estão indo, mas ficar aqui representa a morte."
Pelo menos 50 insurgentes
foram mortos ontem, segundo
o Exército paquistanês, que estima ter provocado "entre 400
e 500 baixas" no Taleban desde
a escalada, na última quinta-feira, da operação no Swat e em
distritos vizinhos. Não há dados sobre civis mortos.
A ONU estima que os deslocados pela escalada da ofensiva
cheguem a 500 mil nos próximos dias. O fluxo elevaria para
mais de 1 milhão o total de desabrigados pelo conflitos na
Província da Fronteira Noroeste desde agosto do ano passado.
O combate aos insurgentes
islâmicos na área é vital para
estabilizar o vizinho Afeganistão, ocupado desde 2001 por
tropas ocidentais, que derrubaram o regime do Taleban. O
avanço dos radicais acirra temores internacionais sobre a
segurança das bombas atômicas paquistanesas.
Com crescentes atentados
contra alvos paquistaneses, as
presença de radicais nas áreas
tribais da fronteira, bastião da
Al Qaeda e do Taleban, preocupa também Islamabad.
O Exército paquistanês luta
"pela sobrevivência do país",
disse o premiê Yousuf Gilani,
em discurso transmitido pela
TV. A operação militar tem amplo respaldo do Parlamento.
O tema galvaniza a sociedade
paquistanesa, disse ontem David Petraeus, principal comandante de operações militares
dos EUA. O cientista político
paquistanês Rasul Rais, ouvido
pela Folha, concorda.
"Há consenso entre os partidos de que não se pode permitir que o Taleban capture nenhum território", disse Rais. A
ofensiva sofre resistência de legendas religiosas minoritárias,
que também criticam o Taleban, mas defendem uma solução negociada na região.
Ao deixarem Mingora, no
Swat, alguns moradores culpavam o Taleban pela crise. Outros criticavam o governo, acusando dirigentes de se curvarem aos interesses ocidentais.
Fora das grandes zonas atingidas, a primeira percepção
predomina. A aliança com os
EUA contra os radicais islâmicos sempre foi impopular no
país, onde é vista como um fator de desestabilização. Mas
muitos consideram a operação
no Swat uma questão essencialmente nacional.
A ofensiva fortaleceu o governo, arrefecendo a crise política. Mas Rais considera precipitado afirmar que a popularidade da ação militar se converterá em um apoio de longo prazo.
(CLARA FAGUNDES)
Com agências internacionais
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