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Israel constrói parques para selar controle de Jerusalém
Governo alega necessidade de urbanizar sítios religiosos e revitalizar áreas verdes
Obras reforçam domínio israelense e dificultam ainda mais uma eventual partilha da cidade em caso de paz com os palestinos
DO "NEW YORK TIMES", EM JERUSALÉM
Israel está levando adiante,
sem alarde, um plano de US$
100 milhões para revitalizar e
urbanizar alguns dos mais importantes sítios religiosos localizados ao lado da Cidade Velha
de Jerusalém, como parte de
um esforço para reforçar o status da cidade como capital do
Estado judaico.
O plano, cuja concretização
foi parcialmente confiada a um
grupo privado que está comprando imóveis palestinos para
virarem colônias judaicas em
Jerusalém Oriental, até agora
passou quase despercebido.
Mas alguns aspectos da iniciativa, como a destruição de
áreas residenciais palestinas,
geraram controvérsia.
No momento em que o papa
Bento 16 se prepara para visitar
sítios cristãos em Jerusalém a
partir de hoje e em que a Casa
Branca pressiona pela criação
de um Estado palestino com
parte de Jerusalém como sua
capital, a atividade israelense
na área conhecida como a bacia
sagrada -terrenos situados
dentro da Cidade Velha e adjacentes a ela- causará atritos.
A ONU aconselhou Israel a
"não jogar lenha na fogueira",
mas o governo do premiê Binyamin Netanyahu diz que seguirá adiante.
Aterros sanitários e terrenos
baldios estão sendo limpos e
convertidos em jardins e parques verdejantes -alguns dos
quais já abertos para visitantes.
As partes da cidade que estão
sendo reurbanizadas foram
capturadas na guerra de 1967,
mas sua anexação por Israel
nunca foi reconhecida internacionalmente.
Ao mesmo tempo está sendo
travada uma batalha pela legitimação histórica. Arqueólogos
vêm encontrando evidências
indiscutíveis de vida judaica na
antiguidade nesses pontos.
Mas autoridades e instituições
palestinas tendem a fazer pouco caso dessas descobertas,
vendo-as como parte de um esforço para construir uma história sionista na região.
O plano de desenvolvimento
foi lançado em 2005 para "reforçar o status de Jerusalém
como capital de Israel" -embora a maior parte dos países
atribua tal condição a Tel Aviv.
O governo alega que as obras
na bacia sagrada vão beneficiar
a todos -judeus, muçulmanos
e cristãos-, já que envolvem
restaurações que vão atrair
mais visitantes a uma área de
interesse mundial excepcional.
A ONG israelense Paz Agora,
contrária às colônias, afirma
que o plano visa criar "um parque turístico ideológico" que
tornará ainda mais difícil dividir Jerusalém como parte da
solução de dois Estados.
Tradução de CLARA ALLAIN
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