São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

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Israel constrói parques para selar controle de Jerusalém

Governo alega necessidade de urbanizar sítios religiosos e revitalizar áreas verdes

Obras reforçam domínio israelense e dificultam ainda mais uma eventual partilha da cidade em caso de paz com os palestinos

DO "NEW YORK TIMES", EM JERUSALÉM

Israel está levando adiante, sem alarde, um plano de US$ 100 milhões para revitalizar e urbanizar alguns dos mais importantes sítios religiosos localizados ao lado da Cidade Velha de Jerusalém, como parte de um esforço para reforçar o status da cidade como capital do Estado judaico.
O plano, cuja concretização foi parcialmente confiada a um grupo privado que está comprando imóveis palestinos para virarem colônias judaicas em Jerusalém Oriental, até agora passou quase despercebido.
Mas alguns aspectos da iniciativa, como a destruição de áreas residenciais palestinas, geraram controvérsia.
No momento em que o papa Bento 16 se prepara para visitar sítios cristãos em Jerusalém a partir de hoje e em que a Casa Branca pressiona pela criação de um Estado palestino com parte de Jerusalém como sua capital, a atividade israelense na área conhecida como a bacia sagrada -terrenos situados dentro da Cidade Velha e adjacentes a ela- causará atritos.
A ONU aconselhou Israel a "não jogar lenha na fogueira", mas o governo do premiê Binyamin Netanyahu diz que seguirá adiante.
Aterros sanitários e terrenos baldios estão sendo limpos e convertidos em jardins e parques verdejantes -alguns dos quais já abertos para visitantes.
As partes da cidade que estão sendo reurbanizadas foram capturadas na guerra de 1967, mas sua anexação por Israel nunca foi reconhecida internacionalmente.
Ao mesmo tempo está sendo travada uma batalha pela legitimação histórica. Arqueólogos vêm encontrando evidências indiscutíveis de vida judaica na antiguidade nesses pontos. Mas autoridades e instituições palestinas tendem a fazer pouco caso dessas descobertas, vendo-as como parte de um esforço para construir uma história sionista na região.
O plano de desenvolvimento foi lançado em 2005 para "reforçar o status de Jerusalém como capital de Israel" -embora a maior parte dos países atribua tal condição a Tel Aviv.
O governo alega que as obras na bacia sagrada vão beneficiar a todos -judeus, muçulmanos e cristãos-, já que envolvem restaurações que vão atrair mais visitantes a uma área de interesse mundial excepcional.
A ONG israelense Paz Agora, contrária às colônias, afirma que o plano visa criar "um parque turístico ideológico" que tornará ainda mais difícil dividir Jerusalém como parte da solução de dois Estados.


Tradução de CLARA ALLAIN

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