São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2011

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ANÁLISE

Em vez de agirem contra crise, europeus endividados preferem esperar para ver

MARTIN WOLF
DO "FINANCIAL TIMES"

Há uma história sobre um homem sentenciado à morte pelo rei de seu país. A sentença seria comutada caso o condenado ensine seu cavalo a falar. O condenado aceita. Quando perguntam por que, ele diz que tudo pode acontecer: o rei pode morrer, ele pode morrer e o cavalo pode aprender a falar.
Foi essa a abordagem da zona do euro quanto às crises fiscais que varreram Grécia, Irlanda e Portugal e ameaçam outros de seus integrantes. As autoridades econômicas decidiram esperar para ver, torcendo para que os países em dificuldades restaurassem seu crédito. Até agora, o esforço fracassou.
No caso da Grécia, o primeiro a receber assistência, as chances de uma renovação do acesso ao capital privado, a um custo acessível, são ínfimas.
Continuar empurrando o dia do acerto de contas não fará com que a situação grega melhore. Pelo contrário: fará com que a reestruturação de dívidas seja mais dolorosa quando vier. A Grécia vive um dilema: os credores sabem que falta credibilidade para captar a juros com que possa arcar.
Atenas continuará a depender cada vez mais de empréstimos oficiais. Países excessivamente endividados e que têm moedas próprias reduzem suas dívidas via inflação.
Mas os países que tomam empréstimos em moeda estrangeira só podem recorrer ao calote. Ao aderir à zona do euro, os países trocaram a primeira condição pela segunda.
Caso uma reestruturação seja descartada, os países-membros terão de financiar e policiar uns aos outros. Pior: terão de continuar a fazê-lo até que os cavalos todos aprendam a falar. Será esse o futuro que desejam?

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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