São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2011

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Alemanha emperra nova ajuda à Grécia

País espera receber mais € 60 bilhões, mas chanceler alemã se recusou ontem a avalizar um pacote adicional

Angela Merkel afirma que precisa esperar uma avaliação técnica de FMI e europeus e diz que especulação não ajuda

CAROLINA VILA-NOVA
DE BERLIM

Em meio a crescentes rumores sobre o futuro econômico da Grécia, a Alemanha se recusou ontem a avalizar um novo pacote de ajuda financeira ao país, afirmando que ainda é cedo para conhecer as reais necessidades financeiras de Atenas.
Ontem, a agência Dow Jones informou que a Grécia espera obter uma ajuda de € 60 bilhões (R$ 138 bi) de seus parceiros europeus até o próximo mês, citando um alto funcionário do governo grego que não foi identificado. Mas um porta-voz do Ministério das Finanças negou.
Segundo a Dow Jones, a Grécia precisaria de € 27 bilhões adicionais em 2012 e 32 bilhões em 2013. Propriedades estatais poderiam ser oferecidas como garantia.
"Primeiro, precisamos saber qual é o status; só depois, podemos decidir se algo precisa ser feito e o quê", afirmou a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, em encontro com correspondentes internacionais do qual a Folha participou, em Berlim.
"Não fazemos nenhum favor à Grécia especulando sobre mais ajuda."
Em maio do ano passado, a Grécia fechou um pacote de ajuda financeira de € 110 bilhões com a União Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional) para sair da crise. Um ano depois, ainda afundada em dívidas, quer que os credores aliviem os termos do acordo.

DUREZA
Uma missão de FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu está desde ontem em Atenas para verificar o cumprimento das medidas de austeridade impostas para conceder o empréstimo.
Esta é uma das condições para que a Grécia receba a próxima parcela da ajuda, de € 15 bilhões.
O resultado da missão só deve sair em junho. "Até lá, não falarei sobre o que precisa ser feito", disse Merkel, líder da maior economia europeia e a maior contribuinte para o resgate grego.
Em 2010, Merkel resistiu por semanas até ceder à pressão dos colegas europeus e dar o ok final ao pacote grego. Passados 12 meses, e com a crise longe de ser encerrada, teve de responder se o problema está na dosagem do remédio, na sua aplicação ou no remédio em si.
"A Grécia não está no ponto em que estava há um ano. Adotou uma série de reformas e está mais forte do que no início do programa", disse, reforçando que os esforços têm de prosseguir.
Por fim, ela rejeitou um gesto político para salvar o país. Uma parte da explicação para a "dureza" de Merkel está na intensa pressão interna que sofreu no ano passado para que não ajudasse a Grécia sem uma série de contrapartidas.
Desta vez, seu parceiro de coalizão, o partido liberal FDP, ameaçou passar uma moção proibindo o apoio a qualquer outro resgate a países europeus endividados.


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