São Paulo, domingo, 11 de junho de 2000


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ORIENTE MÉDIO
Hafez al Assad deve ser substituído por Bachar, seu filho; Parlamento emenda Constituição para permitir sucessão
Al Assad, presidente sírio, morre aos 69

Associated Press - 10.fev.1999
Hafez Al Assad, presidente da Síria, morto ontem aos 69 anos


DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Síria, Hafez al Assad, morreu ontem aos 69 anos, após quase 30 anos no poder. A causa não havia sido divulgada, mas Al Assad sofria de problemas cardíacos e diabetes, entre outras complicações de saúde.
A morte de Al Assad acontece num momento de estagnação do processo de paz no Oriente Médio e apenas uma semana antes do início de uma conferência do partido Baath (renascimento, em árabe), governista. O filho do presidente sírio, Bachar al Assad, seria provavelmente nomeado vice-presidente na ocasião.
O Parlamento realizou uma sessão especial, em Damasco (capital síria), para anunciar a morte do ditador sírio e aprovar a reforma da Constituição, a fim de permitir a indicação de Bachar, 34, como presidente. A Carta exigia uma idade mínima de 40 anos para o cargo de presidente.
Membros do Parlamento choraram e discursaram após o anúncio da morte. O governo sírio decretou 40 dias de luto oficial, e a presença policial nas ruas foi reforçada para evitar tumultos.
"A Síria é a mãe de todas as civilizações, mas foi o querido Assad quem registrou a grandeza dessa nação", afirmou um parlamentar. "A vontade de Deus é maior que qualquer outra vontade", declarou um porta-voz do governo.
Segundo o jornal "The Sunday Telegraph", o presidente Al Assad havia sofrido um derrame cerebral no início de abril, que o deixou muito debilitado.
Ele vinha limitando suas aparições públicas ultimamente. O derrame teria afetado sua visão.
O jornal britânico destacou que o presidente não realizou este ano o seu tradicional discurso à nação, em 7 de abril, e também não participou dos festejos da independência do país, dez dias depois.
Al Assad se reuniu em 26 de março com o presidente dos EUA, Bill Clinton, em Genebra (Suíça), para tentar dar novo impulso ao diálogo com Israel, mas o encontro fracassou.
A Síria exige a devolução das colinas do Golã, tomadas militarmente por Israel em 1967.
Após um impasse de quatro anos, o processo de paz entre a Síria e Israel foi retomado com grande otimismo em dezembro de 1999.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Barak, e o chanceler sírio, Farouq Al Shara, chegaram a reunir-se por duas ocasiões nos Estados Unidos, nos encontros com representações de mais alto nível entre os dois países jamais feitos anteriormente.

Reações
"Sempre o respeitei por sua franqueza e porque senti que ele fez uma escolha estratégica em busca da paz. É uma pena que a paz não tenha sido atingida enquanto ele viveu, mas espero que isso aconteça", disse o presidente dos EUA, Bill Clinton.
"Fui a última pessoa a falar com ele. Discutimos a situação atual e o apoio dado pela Síria à libertação do sul (do Líbano). Suas últimas palavras foram: "nosso destino é construir um futuro melhor para nossos países'", afirmou o presidente libanês, Emile Lahoud.
O líder palestino Iasser Arafat disse lamentar "em nome de todo o povo palestino e da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) a perda sofrida pelo povo sírio e pelas nações árabes".
"O governo de Israel entende o sofrimento do povo sírio pela morte do presidente Al Assad", disse uma declaração oficial.
"É um grande orgulho para Al Assad o fato de nunca ter barganhado direitos árabes e nunca ter apertado as mãos daqueles que usurparam esses direitos. Ele permaneceu forte, carregando a tocha da luta para as futuras gerações", disse Hassan Nasrallah, líder do grupo islâmico Hizbollah.


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