São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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Perda com oleodutos soma US$ 200 milhões

Ali Abu Shish/Reuters
Polícia iraquiana patrulha Najaf após conflito com milícia xiita


DA REDAÇÃO

O premiê interino do Iraque, Iyad Allawi, acusou ontem "combatentes estrangeiros e terroristas" de causarem ao país um prejuízo superior a US$ 200 milhões, nos últimos sete meses, com sabotagem e ataques à infra-estrutura petroleira "a fim de solapar a confiança dos iraquianos".
Segundo Allawi, que assume o cargo no próximo dia 30, houve 130 ataques a oleodutos do Iraque, dono da segunda maior reserva do mundo.
"Mais de US$ 200 milhões foram roubados dos bolsos do governo soberano iraquiano com a perda da receita do petróleo resultante de ataques aos oleodutos", disse Allawi a jornalistas em Bagdá. "Os sabotadores não são guerreiros da liberdade, são terroristas e combatentes estrangeiros. Eles se opõem à nossa sobrevivência como Estado livre", afirmou, pedindo à população que "ajude a zelar pela infra-estrutura".
O mais recente ataque ocorreu anteontem no campo de Beiji, no norte do país, e reduziu temporariamente a produção de energia elétrica do país em 10%.
O premiê também usou a entrevista para se dirigir aos curdos, depois que seus dois principais líderes ameaçaram retirar o apoio ao governo central caso sejam feitas alterações na lei do país que atentem contra sua autonomia.
Xiita secular, Allawi prometeu "honrar a Constituição interina", que, indiretamente, dá aos curdos o poder de vetar a Carta permanente. O documento deve ser levado a plebiscito em 2005.
Os curdos, que perfazem 17% dos iraquianos e gozaram de relativa autonomia nos últimos 13 anos da ditadura de Saddam Hussein, temem ser marginalizados politicamente pelos árabes xiitas, que são 60% da população.

Violência
Além de rixas sectárias, também a violência coloca em xeque a estabilidade do país a 20 dias da posse do governo interino. Ontem, uma delegacia foi invadida, em Najaf (sul), por seguidores do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, atualmente o principal opositor à presença das tropas americanas no país. Seis iraquianos -talvez civis- foram mortos no embate entre policiais e a milícia de Al Sadr, o Exército Mehdi.
Os americanos não intervieram por causa de um acordo de cessar-fogo com a milícia do clérigo, segundo o qual seus soldados devem se manter fora da cidade. Mas as tropas dos EUA voltaram a confrontar o Exército Mehdi em Sadr City, bairro xiita de Bagdá, matando ao menos um militante.

Com agências internacionais

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