São Paulo, segunda-feira, 11 de junho de 2007

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Bush diz que Kosovo deve ser independente logo

Americano sugere apoio a independência unilateral, se persistir impasse na ONU

Declaração, feita em visita à Albânia, intensifica tensão com Rússia, aliada da Sérvia; ambas são contra plano em exame nas Nações Unidas

DA REDAÇÃO

Intensificando as tensões atuais no relacionamento entre Moscou e Washington, o presidente dos EUA, George W. Bush, sugeriu ontem que poderá apoiar uma declaração unilateral de independência de Kosovo. O território é Província da Sérvia, aliada da Rússia.
Em visita à Albânia, Bush afirmou que o Conselho de Segurança da ONU deve estabelecer um prazo para votar logo o plano de independência da província e que, se a Rússia continuar a criar obstáculos para que isso aconteça ou levar adiante sua ameaça de vetar a proposta, o Ocidente deve agir.
"Em algum momento, antes cedo do que tarde, é preciso dizer basta, Kosovo é independente", afirmou Bush durante entrevista coletiva em Tirana, ao lado do primeiro-ministro Sali Berisha.
"Acredito que é importante fazer avançar o processo [diplomático]. "A hora é agora. A secretária [de Estado, Condoleezza] Rice trabalhará com afinco para ver se podemos chegar a um acordo. Do contrário, teremos que ir adiante. A independência é o objetivo", completou.
Mais tarde, o porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, Gordon Johndroe, tentou matizar as declarações de Bush, dizendo que os EUA "só operam no marco do Conselho de Segurança da ONU".

Reação
Cerca de 90% da população de Kosovo é de origem albanesa, assim como o primeiro-ministro da Província, Agim Ceku, compondo uma maioria a favor da independência.
Kosovo está sob administração da ONU desde 1999, quando a Otan (aliança militar liderada pelos EUA) bombardeou a Sérvia durante 11 semanas, sob o argumento de que era preciso evitar "a limpeza étnica" empreendida contra os albaneses da Província pelas forças sérvias. Atualmente, há no território 17 mil soldados da Otan.
"Uma eventual luz verde norte-americana à proclamação unilateral de independência kosovar significará que os EUA bombardearam a Sérvia em 1999 com o objetivo de arrebatar do país 15% de seu território", disse Andrija Mladenovic, porta-voz do Partido Democrático da Sérvia, do premiê Vojislav Kostunica. Um funcionário do Kremlin disse que as declarações de Bush não alterarão a oposição russa à independência de Kosovo.

Albânia na Otan
Na primeira visita de um presidente norte-americano à Albânia, onde Bush faz sua penúltima parada de um périplo europeu de oito dias, que termina hoje na Bulgária, o líder dos EUA foi calorosamente recebido. Diferentemente da hostilidade que encontrou na Itália ou na Alemanha, onde foram realizados protestos contra a sua política externa, Bush se mostrou bastante à vontade, apertando mãos e trocando beijos com a população.
O presidente norte-americano saudou o povo albanês "por ter superado a tirania". Ele se referia à ditadura comunista de Enver Hoxha (1944-1985). Depois do colapso do comunismo, em 1990, o país de cerca de 3 milhões de habitantes se tornou um dos mais fortes aliados dos Estados Unidos.
Os primeiros-ministros da Albânia, da Croácia e da Macedônia aproveitaram o clima amistoso para solicitar o ingresso dos três países dos Bálcãs na Otan. Sali Berisha, Ivo Sanade e Nikola Gruevski se disseram encorajados pelo apoio de Bush aos seus esforços para aderir à aliança.
As três nações enviaram soldados para a guerra no Afeganistão, enquanto Macedônia e Albânia também enviaram tropas para combater no Iraque.


Com agências internacionais

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