São Paulo, segunda-feira, 11 de junho de 2007

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Putin pede "revisão radical" de instituições financeiras

Ante líderes de multinacionais, russo diz que modelo atual não é democrático

Fórum em São Petersburgo foi o maior desde o fim da URSS e coroou semana em que presidente ameaçou direcionar mísseis à Europa

NEIL BUCKLEY
CATHERINE BELTON

DO "FINANCIAL TIMES"

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu ontem uma revisão radical das instituições financeiras e comerciais que reflita o crescimento econômico de países emergentes -incluindo a própria Rússia.
Putin afirmou que o mundo precisa criar uma nova arquitetura financeira para substituir o modelo existente, que se tornou "arcaico, não-democrático e incômodo".
Seu aparente desafio ao domínio do Ocidente no mundo econômico apareceu num fórum em São Petersburgo, desenhado para apresentar a recuperação econômica do país.
Entre as 6.000 pessoas que participam do maior fórum de negócios que já ocorreu na Rússia pós-soviética estavam presidentes de companhias como Deutsche Bank, BP, Royal Dutch Shell, Nestlé, Chevron, Siemens e Coca-Cola.
Na conferência, foi apresentado que os negócios russos movimentam mais de US$ 4 bilhões -incluindo o pedido da Aeroflot de aeronaves da Boeing. Os executivos disseram que continuam investindo na Rússia, mesmo com as relações deterioradas com o Ocidente.

Holofote
Putin foi o anfitrião de um fórum que coroou uma semana internacional dominada por ele. Na segunda, ele havia advertido que a Rússia poderá direcionar mísseis nucleares à Europa se os EUA construírem bases do seu sistema antimísseis na Polônia e na República Tcheca. Ofereceu em troca, durante a reunião do G8, a instalação de um radar do sistema em uma base russa no Azerbaijão.
Seu discurso sobre instituições financeiras sugeriu que, além de sua recente e agressiva campanha contra o "unilateralismo" norte-americano na política internacional, ele também procura desafiar o domínio ocidental na ordem econômica mundial.
Putin lembrou que, há 50 anos, 60% do PIB mundial vinha das sete nações mais desenvolvidas. Atualmente, 60% do PIB vem de fora do G7.
"Os interesses do desenvolvimento de uma economia estável seriam melhores servidos por uma nova arquitetura de relações econômicas internacionais baseada na confiança e na integração benéfica mútua."
O presidente russo acrescentou que há evidências crescentes de que as organizações existentes "não fazem um bom trabalho para regular as relações econômicas globais".
"As instituições criadas com foco num pequeno número de jogadores parecem arcaicas, não-democráticas e incômodas. Elas estão longe de reconhecer o balanço de poder existente", Putin afirmou.


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