|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Vaticano critica ordenação de mulheres na Áustria
PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO
O Vaticano advertiu ontem sete
católicas recentemente ordenadas
de que, se até o dia 22 de julho elas
não se declararem arrependidas e
pedirem perdão, serão excomungadas. A advertência foi feita pelo
cardeal alemão Joseph Ratzinger,
prefeito da Congregação para a
Doutrina da Fé, que personifica a
voz da ortodoxia católica.
A ordenação das mulheres
-quatro alemãs, duas austríacas
e uma norte-americana- aconteceu a bordo de um barco no rio
Danúbio, em um trecho que se localiza na Áustria.
A ordenação foi celebrada pelo
"arcebispo" argentino Rómulo
Antonio Braschi, 61, que fundou,
em 1978, a Igreja Carismática Católica Apostólica de Jesus Rei e foi
excomungado. Além dele, também foram condenados à excomunhão Roberto Garrido Padin
(brasileiro) e Hillarios Ungerer,
da Igreja Católica Livre.
Descrito pelo Vaticano como
"líder de uma comunidade cismática", Braschi afirma ser arcebispo
de Munique (Alemanha), Zurique (Suíça), Buenos Aires (Argentina), e Salvador (Bahia).
Na ordenação das mulheres, foi
auxiliado por um bispo austríaco,
Ferdinand Regelsberger, e por um
bispo tcheco (cujo nome não foi
revelado).
O objetivo da advertência do
Vaticano, segundo a Congregação para a Doutrina da Fé, foi
"orientar a consciência das fiéis e
dissipar qualquer dúvida sobre a
matéria [a ordenação feminina"".
"A igreja não tem, de modo algum, a intenção de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e
esse ditame deve ser considerado
definitivo", disse Ratzinger.
A Igreja Carismática Católica
Apostólica de Jesus Rei tem sua
sede em Munique (Alemanha) e
afirma contar com cerca de 15 mil
fiéis na Europa e no continente
americano.
As mulheres, ordenadas no dia
29 de junho, disseram que não tinham a intenção de provocar um
cisma na igreja.
O papa João Paulo 2º, 82, rejeitou debates sobre a ordenação feminina. A igreja alega que Jesus
Cristo escolheu homens como
apóstolos e que é válida apenas a
ordenação masculina.
Ordenar mulheres, disse o Vaticano, constitui "um ataque grave
contra a unidade da igreja" e
"uma afronta à dignidade das
mulheres, cujos papéis na igreja e
na sociedade são específicos e insubstituíveis".
"A ameaça de excomunhão não
resolve o problema e demonstra a
necessidade de debater a proibição de ordenações femininas",
afirmou Cathleen Witter, do movimento "Catholics for a Free
Choice" (Católicas pelo Direito de
Decidir), em Nova York.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Igreja: Saúde frágil faz papa mudar audiência Próximo Texto: Guerra sem limites: NY seleciona propostas para local do WTC Índice
|