São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vaticano critica ordenação de mulheres na Áustria

PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO

O Vaticano advertiu ontem sete católicas recentemente ordenadas de que, se até o dia 22 de julho elas não se declararem arrependidas e pedirem perdão, serão excomungadas. A advertência foi feita pelo cardeal alemão Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que personifica a voz da ortodoxia católica.
A ordenação das mulheres -quatro alemãs, duas austríacas e uma norte-americana- aconteceu a bordo de um barco no rio Danúbio, em um trecho que se localiza na Áustria.
A ordenação foi celebrada pelo "arcebispo" argentino Rómulo Antonio Braschi, 61, que fundou, em 1978, a Igreja Carismática Católica Apostólica de Jesus Rei e foi excomungado. Além dele, também foram condenados à excomunhão Roberto Garrido Padin (brasileiro) e Hillarios Ungerer, da Igreja Católica Livre.
Descrito pelo Vaticano como "líder de uma comunidade cismática", Braschi afirma ser arcebispo de Munique (Alemanha), Zurique (Suíça), Buenos Aires (Argentina), e Salvador (Bahia).
Na ordenação das mulheres, foi auxiliado por um bispo austríaco, Ferdinand Regelsberger, e por um bispo tcheco (cujo nome não foi revelado).
O objetivo da advertência do Vaticano, segundo a Congregação para a Doutrina da Fé, foi "orientar a consciência das fiéis e dissipar qualquer dúvida sobre a matéria [a ordenação feminina"".
"A igreja não tem, de modo algum, a intenção de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e esse ditame deve ser considerado definitivo", disse Ratzinger.
A Igreja Carismática Católica Apostólica de Jesus Rei tem sua sede em Munique (Alemanha) e afirma contar com cerca de 15 mil fiéis na Europa e no continente americano.
As mulheres, ordenadas no dia 29 de junho, disseram que não tinham a intenção de provocar um cisma na igreja.
O papa João Paulo 2º, 82, rejeitou debates sobre a ordenação feminina. A igreja alega que Jesus Cristo escolheu homens como apóstolos e que é válida apenas a ordenação masculina.
Ordenar mulheres, disse o Vaticano, constitui "um ataque grave contra a unidade da igreja" e "uma afronta à dignidade das mulheres, cujos papéis na igreja e na sociedade são específicos e insubstituíveis".
"A ameaça de excomunhão não resolve o problema e demonstra a necessidade de debater a proibição de ordenações femininas", afirmou Cathleen Witter, do movimento "Catholics for a Free Choice" (Católicas pelo Direito de Decidir), em Nova York.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Igreja: Saúde frágil faz papa mudar audiência
Próximo Texto: Guerra sem limites: NY seleciona propostas para local do WTC
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.