São Paulo, domingo, 11 de agosto de 2002

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Fracassos de Alfonsín e De la Rúa afundam a União Cívica Radical

DA REDAÇÃO

A União Cívica Radical (UCR), o mais antigo partido político em atividade na Argentina, está em desgraça. Após dois presidentes radicais terem renunciado ao cargo devido à crise econômica, o partido passou a ser visto como incapaz de governar.
A última vez que um radical conseguiu terminar o mandato foi na década de 20. Os dois últimos acabaram deixando o cargo e o entregando a peronistas: Raúl Alfonsín, em 1989, depois de a hiperinflação arrasar a Argentina, e Fernando de la Rúa, no ano passado, após não ter conseguido tirar o país da recessão.
Nas eleições presidenciais deste ano, as chances de êxito da UCR são mínimas, de acordo com analistas ouvidos pela Folha.
"A UCR está acabada eleitoralmente. Não tem presença como partido. Terá candidatos, mas sem expressão", diz o analista político Ricardo Rouvier, que é diretor de um instituto de pesquisas.
Há dois candidatos principais disputando a cabeça de chapa do partido: o jornalista Rodolfo Terragno, que exerceu várias funções no governo De la Rúa, e Angel Rosas, governador do Chaco que é popular na sua Província.
Porém, mesmo com os dois tendo ficado relativamente ilesos após a fracassada gestão de De la Rúa, não terão um partido forte nem tampouco uma coligação importante, como em 1999.
Naquele ano, De la Rúa se lançou à Presidência simbolizando uma mudança em relação aos dez anos de menemismo. Político reputado, ex-senador e ex-prefeito de Buenos Aires, De la Rúa tinha ainda o apoio da Frepaso (centro-esquerda), partido que tinha figuras de forte expressão na ocasião.
Graciela Fernández Meijide, que foi ministra de De la Rúa e era extremamente popular em 1999, naufragou em denúncias de corrupção e hoje está no ostracismo. Carlos "Chacho" Alvarez, o carismático vice de De la Rúa, renunciou ao cargo e deixou a política.
E De la Rúa, que assumiu prometendo mudanças, renunciou com desemprego em alta, aumento da pobreza e da violência e câmbio fixo destroçado. Ficou sem apoio, e a população o repudiou nos panelaços.
Descrentes sobre o radicalismo, os simpatizantes do partido hoje estão se dividindo entre dois candidatos de outras legendas, segundo a analista política Graciela Rommer. "Os mais à direita irão votar no ex-ministro da Economia Ricardo López Murphy, de tendência liberal na economia. Os mais à esquerda devem optar por Elisa Carrió", afirma. (GC)


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