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Londres diz ter evitado ato de terror sem precedentes
Grupo de 24 suspeitos é preso e acusado de tramar explodir em série aviões comerciais
Segundo autoridades, eles pretendiam carregar os explosivos a bordo em valises de mão e detoná-los em vôos para os EUA
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
Em ação iniciada na madrugada de ontem, a polícia inglesa
afirmou ter evitado o que seria
o maior ataque terrorista da
história do Reino Unido. Segundo o secretário do Interior
britânico, John Reid, a ação teria provocado mortes civis "numa escala sem precedentes".
Vinte e quatro suspeitos foram presos em Londres e outras duas cidades, acusados de
tramar uma série de explosões
em aviões comerciais que partiriam do aeroporto de Heathrow, em Londres, para os EUA.
A polícia inglesa não divulgou nomes, nacionalidade ou
fotos dos suspeitos nem outras
evidências da conspiração.
De acordo com o secretário
de Segurança Interna dos EUA,
Michael Chertoff, os suspeitos
planejaram levar para dentro
dos aviões líquidos "que separadamente poderiam ser inócuos, mas que, misturados, poderiam ser usados para fazer
uma bomba". Baterias de celular ou de CD players seriam
usadas como detonadores.
O jornal britânico "The Independent" que circula hoje no
Reino Unido afirma que a
maioria dos integrantes da célula terrorista era de origem paquistanesa ou da África do Norte e simpática à Al Qaeda, embora a polícia britânica não tenha encontrado um chefe ligado à rede internacional a comandar o grupo. Seriam todos
jovens, entre 20 e 30 anos.
Seu objetivo, ainda segundo o
"Independent", era explodir
nove ou dez aviões, em três etapas, durante seus vôos sobre o
Atlântico. Tal ataque, se bem
sucedido, causaria a morte de
quase 3.000 pessoas. O jornal
cita uma autoridade britânica
não identificada segundo a qual
"o plano tinha potencial para
ser maior que o 11 de Setembro".
Autoridades paquistanesas
informaram terem ajudado os
britânicos a desmontar o plano
a partir da prisão, naquele país,
de militantes islâmicos.
Aeroportos
Após as prisões dos suspeitos
em Londres, High Wycombe e
Birmingham, o governo aumentou pela primeira vez no
país o alerta de segurança para
o nível crítico -o mais alto, que
indica que o "ataque é iminente
e representa nível extremamente alto de ameaça".
Segundo o secretário americano de Segurança Interna, os
conspiradores "haviam acumulado e reunido as condições de
que precisavam e estavam nos
estágios finais de planejamento
para a execução [do ataque]".
Os aeroportos do Reino Unido e as companhias aéreas foram convocados a adotar procedimentos de segurança máxima. Os pousos em Heathrow,
com exceção dos vôos que já estavam no ar, foram cancelados
pela manhã. A British Airports
Authority, órgão que regula os
aeroportos no país, cancelou no
total 611 vôos com partida ou
desembarque no aeroporto
londrino.
Os passageiros foram proibidos de embarcar com bagagens
de mão, bebidas e comida. Apenas documentos essenciais, dinheiro e cartões, óculos e medicamentos indispensáveis podiam ser levados a bordo, em
sacolas transparentes.
As inspeções durante o embarque também ficaram mais
rigorosas, o que causou longas
filas e espera de até seis horas.
"Assassinato em massa"
O grupo detido ontem vinha
sendo investigado há mais de
um ano, de acordo com fontes
da polícia britânica. O secretário do Interior, John Reid, afirmou que as ações da polícia, em
parceria com o MI5, o serviço
de inteligência, impediram um
"assassinato em massa".
"Se o plano tivesse sido executado, o número de inocentes
mortos seria sem precedentes",
afirmou Reid, acrescentando
que, apesar das prisões, as autoridades não poderiam ser complacentes. "Não é possível ter
certeza total de que um plano
dessa magnitude foi totalmente desmascarado."
Peter Clarke, chefe da área
antiterrorismo da polícia britânica, disse que "as investigações atingiram um ponto crítico ontem [anteontem] à noite,
quando decidimos agir com urgência". As 24 pessoas, a maioria habitantes de Londres, foram presas por "suspeita de
participação, preparação ou
instigação de atos de terrorismo", de acordo com a Lei Antiterror de 2000.
Em férias no Caribe, o primeiro-ministro Tony Blair
afirmou, por porta-voz, que
acompanha a situação e parabenizou a polícia pela ação.
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