|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Antes de conter ação, Israel avança e ameaça
Tropas tomam cidade no sul usada como base pelo Hizbollah; mais quatro civis libaneses e dois israelenses morrem em ataques
Aviões de Israel voltam a lançar panfletos sobre áreas de Beirute advertindo civis a saírem; árabes israelenses começam a deixar Haifa
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE KIRYAT SHMONE
Tropas de Israel assumiram
ontem posições estratégicas no
sul do Líbano, e o país ameaçou
bombardear novas áreas de
Beirute antes de o governo de
Ehud Olmert conter a ofensiva
terrestre que havia sido aprovada em aparente abertura para negociações diplomáticas.
Os blindados israelenses,
com apoio de artilharia e de
bombardeios aéreos, entraram
em pelo menos mais três aldeias e impuseram toque de recolher. Ao menos um soldado
israelense foi morto em confronto com o grupo terrorista
Hizbollah durante os combates. Na véspera, Israel sofrera
seu maior número de baixas
militares em um dia, 15.
O conflito entre os dois países, iniciado com a retaliação
israelense ao seqüestre de dois
de seus soldados pelo Hizbollah, completa amanhã um mês
e já matou pelo menos 715 pessoas no Líbano e 121 em Israel,
segundo os dois governos.
Ontem, pelo menos quatro
civis libaneses morreram em
ataques no sul do país e no vale
do Bekaa (nordeste), segundo o
governo em Beirute.
O Exército israelense afirmou ter matado ontem mais de
cem integrantes do Hizbollah e
capturado equipamentos de visão noturna e comunicação fornecidos ao grupo pelo Irã. Os
militares exibiram fotos de
centros de comando do Hizbollah totalmente computadorizados, mas não mostraram provas de que os combatentes foram mortos.
A Força Aérea bombardeou
uma antena de comunicação
desativada no centro de Beirute, ferindo duas pessoas e danificando carros, e aviões israelenses voltaram a despejar panfletos sobre bairros da capital,
advertindo a população a abandonar os locais, sob risco de
uma resposta "forte e dolorosa"
ao Hizbollah. Centenas de pessoas fugiram para uma cidade
cristã ao norte de Beirute.
"Para sua própria segurança,
vocês devem sair destes bairros
imediatamente e de todos os
lugares onde há membros do
Hizbollah realizando ações terroristas", diz o texto, assinado
pelo "Estado de Israel".
Cidade capturada
O governo do Líbano afirmou
que tropas israelenses capturaram uma base do Exército do
país em Marjayoun, com 350
soldados libaneses. A aldeia fica
no setor leste do sul do Líbano,
que começou a ser atacado anteontem, depois que Israel
aprovou a expansão da operação militar -suspensa hoje.
No local, ficava o comando
militar israelense durante os 18
anos de ocupação do sul do Líbano, com visão para o vale do
rio Litani, de onde o Hizbollah
vem disparando contra Israel.
O grupo lançou ontem pelo
menos mais 150 foguetes. Um
deles matou uma mãe de 26
anos com a filha de 5 na aldeia
árabe de Dir al Assad, na Galiléia. Outras 11 pessoas foram feridas. Cerca de metade dos 31
mortos civis em Israel em ataques do Hizbollah é árabe.
Dezenas de árabes israelenses começaram a deixar ontem
a cidade de Haifa, onde formam
um terço da população. Anteontem, o líder do Hizbollah,
Hassan Nasrallah, dissera para
os árabes que saíssem de Haifa,
sob risco de serem atingidos
em ataques do grupo.
Em Tel Aviv, cerca de 600
pessoas, lideradas por políticos
de esquerda, fizeram ontem
uma manifestação pedindo o
fim da guerra e o início das negociações diplomáticas.
O Líbano quer um cessar-fogo imediato e mandar seu Exército para o sul do país, com saída rápida das tropas de Israel.
Os israelenses exigem o envio
de uma força internacional.
O chefe do setor de ajuda humanitária da ONU, Jan Egeland, disse em Genebra que
tanto Israel quanto o Hizbollah
estão impedindo a chegada de
ajuda a civis presos no conflito.
Brasil
O chanceler brasileiro, Celso
Amorim, viajará ao Líbano no
próximo dia 15 para dialogar
com autoridades locais sobre
perspectivas de solução do conflito, informou o Itamaraty.
Amorim será recebido pelo
presidente Emile Lahoud, pelo
premiê Fouad Siniora e por outras autoridades, e fará a entrega de 2,5 toneladas de medicamentos e de 16 kits de farmácia
-o suficiente para atender necessidades emergenciais de 145
mil pessoas.
Há duas semanas, o chanceler esteve em Adana (Turquia),
onde acompanhou os trabalhos
de retirada dos brasileiros. Até
agora o governo retirou 2.151
pessoas do Líbano.
Colaborou CLÁUDIA DIANNI, da Sucursal de
Brasília
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Nova resolução da ONU pode ser votada hoje Índice
|