São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2006

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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Antes de conter ação, Israel avança e ameaça

Tropas tomam cidade no sul usada como base pelo Hizbollah; mais quatro civis libaneses e dois israelenses morrem em ataques

Aviões de Israel voltam a lançar panfletos sobre áreas de Beirute advertindo civis a saírem; árabes israelenses começam a deixar Haifa


MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE KIRYAT SHMONE

Tropas de Israel assumiram ontem posições estratégicas no sul do Líbano, e o país ameaçou bombardear novas áreas de Beirute antes de o governo de Ehud Olmert conter a ofensiva terrestre que havia sido aprovada em aparente abertura para negociações diplomáticas.
Os blindados israelenses, com apoio de artilharia e de bombardeios aéreos, entraram em pelo menos mais três aldeias e impuseram toque de recolher. Ao menos um soldado israelense foi morto em confronto com o grupo terrorista Hizbollah durante os combates. Na véspera, Israel sofrera seu maior número de baixas militares em um dia, 15.
O conflito entre os dois países, iniciado com a retaliação israelense ao seqüestre de dois de seus soldados pelo Hizbollah, completa amanhã um mês e já matou pelo menos 715 pessoas no Líbano e 121 em Israel, segundo os dois governos. Ontem, pelo menos quatro civis libaneses morreram em ataques no sul do país e no vale do Bekaa (nordeste), segundo o governo em Beirute.
O Exército israelense afirmou ter matado ontem mais de cem integrantes do Hizbollah e capturado equipamentos de visão noturna e comunicação fornecidos ao grupo pelo Irã. Os militares exibiram fotos de centros de comando do Hizbollah totalmente computadorizados, mas não mostraram provas de que os combatentes foram mortos.
A Força Aérea bombardeou uma antena de comunicação desativada no centro de Beirute, ferindo duas pessoas e danificando carros, e aviões israelenses voltaram a despejar panfletos sobre bairros da capital, advertindo a população a abandonar os locais, sob risco de uma resposta "forte e dolorosa" ao Hizbollah. Centenas de pessoas fugiram para uma cidade cristã ao norte de Beirute.
"Para sua própria segurança, vocês devem sair destes bairros imediatamente e de todos os lugares onde há membros do Hizbollah realizando ações terroristas", diz o texto, assinado pelo "Estado de Israel".

Cidade capturada
O governo do Líbano afirmou que tropas israelenses capturaram uma base do Exército do país em Marjayoun, com 350 soldados libaneses. A aldeia fica no setor leste do sul do Líbano, que começou a ser atacado anteontem, depois que Israel aprovou a expansão da operação militar -suspensa hoje.
No local, ficava o comando militar israelense durante os 18 anos de ocupação do sul do Líbano, com visão para o vale do rio Litani, de onde o Hizbollah vem disparando contra Israel.
O grupo lançou ontem pelo menos mais 150 foguetes. Um deles matou uma mãe de 26 anos com a filha de 5 na aldeia árabe de Dir al Assad, na Galiléia. Outras 11 pessoas foram feridas. Cerca de metade dos 31 mortos civis em Israel em ataques do Hizbollah é árabe.
Dezenas de árabes israelenses começaram a deixar ontem a cidade de Haifa, onde formam um terço da população. Anteontem, o líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah, dissera para os árabes que saíssem de Haifa, sob risco de serem atingidos em ataques do grupo.
Em Tel Aviv, cerca de 600 pessoas, lideradas por políticos de esquerda, fizeram ontem uma manifestação pedindo o fim da guerra e o início das negociações diplomáticas. O Líbano quer um cessar-fogo imediato e mandar seu Exército para o sul do país, com saída rápida das tropas de Israel.
Os israelenses exigem o envio de uma força internacional. O chefe do setor de ajuda humanitária da ONU, Jan Egeland, disse em Genebra que tanto Israel quanto o Hizbollah estão impedindo a chegada de ajuda a civis presos no conflito.

Brasil
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, viajará ao Líbano no próximo dia 15 para dialogar com autoridades locais sobre perspectivas de solução do conflito, informou o Itamaraty.
Amorim será recebido pelo presidente Emile Lahoud, pelo premiê Fouad Siniora e por outras autoridades, e fará a entrega de 2,5 toneladas de medicamentos e de 16 kits de farmácia -o suficiente para atender necessidades emergenciais de 145 mil pessoas.
Há duas semanas, o chanceler esteve em Adana (Turquia), onde acompanhou os trabalhos de retirada dos brasileiros. Até agora o governo retirou 2.151 pessoas do Líbano.


Colaborou CLÁUDIA DIANNI, da Sucursal de Brasília

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