São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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ANÁLISE

Classificação AAA, como notas altas na escola, já não são o que eram

DO "FINANCIAL TIMES"

Faz muito tempo que deixou de ser sensato afirmar que qualquer grande país desenvolvido merece classificação AAA para seus títulos. A melhor das classificações de crédito carrega a conotação de um histórico completamente limpo e risco zero -um governo que jamais pensaria em captar recursos de maneira irresponsável.
Mas bem antes que a crise de crédito demonstrasse que os governos estavam dispostos a assumir grandes dívidas, e sem perder tempo, as obrigações estavam em alta. Um exemplo é a França. Em 2007, a dívida de seu governo nacional equivalia a 64% do PIB. Agora, essa proporção subiu a 84,5%. Os investidores começaram a se preocupar com a possibilidade de que a França venha a ser o próximo país expulso do clube AAA da Standard & Poor's, depois dos Estados Unidos.
A S&P afirma que a classificação francesa é estável. A agência considerou de forma positiva a reforma das aposentadorias no ano passado e o compromisso sobre política econômica entre os empregadores e a maioria das centrais sindicais do país. Se os investidores estivessem mais calmos, também teriam percebido que, ao contrário dos EUA, onde o debate fiscal muitas vezes parece desconectado do mundo real, a elite francesa está bastante ciente do que é preciso fazer para colocar sob controle as contas do governo.
Mas há pelo menos uma década as atitudes vêm impressionando menos que a análise. Além disso, a solidariedade para com a zona do euro provavelmente custará caro à França e à Alemanha, outro país cujos títulos portam a classificação AAA. E a França, como EUA e Alemanha, tomou empréstimos demais nos bons momentos econômicos e se preparou pouco para o envelhecimento da população. Preocupações quanto à classificação de crédito francesa não são injustificadas; pânico é.
Anos de estímulo e expansão no endividamento mundial tornaram arriscado o que acontece nas finanças. As agências agora classificam sob critérios mais dinâmicos. A classificação AAA, como as notas altas na escola, já não é o que era.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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