São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Com rumor sobre banco, Bolsa de Paris tem maior queda desde 08

O presidente da França, Nicolas Sarkozy (à esquerda) durante reunião sobre a crise

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

O alívio durou apenas uma sessão. Ontem, as Bolsas globais voltaram a se desvalorizar fortemente, agora com rumores sobre a saúde dos bancos franceses e incertezas sobre a dívida da segunda maior economia da zona do euro. Temores sobre a solvência do Société Générale, o segundo maior banco francês, fizeram com que a Bolsa de Paris tivesse a maior queda desde dezembro de 2008: 5,45%.
Bancos franceses foram alvo de pânico ontem porque estão entre os mais expostos a papéis de Grécia e Itália, países que estão no epicentro da crise da dívida europeia. Todos os mercados foram contaminados por boatos de problemas no Société (desmentidos pela instituição) e rumores de que as agências de avaliação de risco iam rebaixar os papéis da dívida francesa.
Há preocupação com o nível de endividamento da França (84,5% do PIB) e o baixo crescimento do país. A Fitch e a Standard & Poor's negaram que pretendam retirar a nota AAA (máxima) para os títulos franceses. Mas o CDS para a dívida da França (derivativo que funciona como um seguro contra a inadimplência) atingiu o recorde de 161 pontos -o dos Estados Unidos ficou em 55 pontos.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, interrompeu suas férias para liderar uma reunião ministerial de emergência e cobrar novas medidas para reduzir o deficit no Orçamento.
Segundo ele, os planos para reduzir a dívida pública serão mantidos "qualquer que seja a evolução da situação econômica". A diferença entre os rendimentos pagos pelos títulos franceses e pelos alemães (que também são AAA e são referência na Europa) disparou, mostrando que os investidores estão exigindo mais garantias para comprar os papéis da França.
Nos EUA, o setor financeiro também liderou a queda, em um misto de temor sobre o segmento e preocupação com comunicado do Fed (BC americano) de anteontem.
O Dow Jones, índice da Bolsa de Nova York, recuou 4,62% e acumula perda de 11,7% no mês. O Bank of America foi um dos que lideraram as perdas (queda de 10,9%), e seu presidente-executivo, Brian Moynihan, descartou que o banco vá emitir ações ou vender ativos, como o Merrill Lynch, para se capitalizar.
Há dúvidas sobre a saúde do banco, que comprou em 2008 a Countrywide, empresa de hipotecas que estava cheia dos chamados títulos podres, com alto índice de inadimplência. Além disso, o Fed disse anteontem que a economia americana está enfraquecendo, o que diminui a possibilidade de bancos emprestarem dinheiro ao consumidor.
Leilão de títulos do Tesouro dos EUA pagou o menor rendimento da história, prova que investidores buscam cada vez mais esses papéis, tidos como porto seguro.


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