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ANÁLISE
Chávez dá mais um passo na corrida pelas armas
MARCO CHIARETTI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Há anos a América do Sul não
via uma corrida armamentista
típica, dessas que se leem em livros de história. Estamos no
meio de uma. O novo anúncio
de compras de armas russas pela Venezuela, se se confirmar, é
mais um ponto na corrida, que
teve na assinatura dos acordos
entre Brasil e França seu momento mais visível.
Hugo Chávez anunciara há
cerca de um mês o interesse na
compra de um pacote de blindados, tanques, sistemas de defesa aérea e helicópteros, entre
outras armas. Disse isso quando a Colômbia confirmou o
acordo de bases com os EUA. O
presidente russo, Dmitri Medvedev, reafirmou esse interesse
ontem, lembrando que, afinal, a
Rússia produzia "bons tanques". É verdade.
Chávez já vem se armando há
tempos. Comprou vários Su-35
Flanker, o que deixou sua Força Aérea na posse de um avião
com poucos rivais na região.
Comprou helicópteros, fuzis,
navios. Enfim, armou-se, quase
sempre na Rússia.
Agora, a ida ao bazar de armamentos russo incluiria a
compra de tanques T-72 ou de
sua versão mais moderna, os T-90, carros blindados de apoio
BMP-3 e sistemas complexos
de defesa aérea, os TOR-M1.
Todas são armas de uso padrão do Exército russo. Não são
armas obsoletas e, embora inferiores a equipamentos americanos, franceses, israelenses e
alemães, não o são, por exemplo, em relação aos Leopard 1
utilizados pelos Exércitos do
Chile e do Brasil.
Os sistemas TOR-M1 são basicamente instrumentos de defesa e servem para tentar neutralizar ataques aéreos, voos de
reconhecimento ou mesmo
ataques com mísseis de cruzeiro. São sistemas completos,
com radares, mísseis, carro de
comando e tudo o que é preciso
para abater aviões de combate.
Os T-72 são tanques médios,
de 42 toneladas, armados com
canhões de 125 mm, considerados inferiores a outros canhões
que equipam tanques ocidentais. Foram produzidos aos milhares. Armavam o Exército do
Iraque nas guerras na região,
com resultados conhecidos.
Por outro lado, a versão incrementada do T-72, chamado
T-90, embora esteja com seus
dias contados na Rússia, é uma
arma mais moderna e sofisticada, mais pesada (46 toneladas),
melhor defendida e com canhões bem mais efetivos, mais
precisos e de maior alcance.
A propósito, tais tanques
funcionam mal em floresta ou
terrenos úmidos e cheios de
rios e igarapés, como na fronteira entre Brasil e Venezuela.
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