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Discurso impulsiona reforma de Obama
Pesquisa da CNN indica que dois terços dos americanos gostaram de fala ao Congresso; vice diz esperar aprovação até novembro
Republicano que chamou presidente de mentiroso se desculpa, mas vê doações a seu adversário democrata na
próxima eleição dispararem
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, tenta aproveitar a
repercussão positiva do discurso que fez ao Congresso anteontem para avançar no projeto de aprovação da reforma do
sistema de saúde americano. O
vice-presidente Joe Biden chegou a afirmar ontem que espera
agora a aprovação do projeto
antes do feriado de Ação de
Graças, no fim de novembro.
No discurso, Obama experimentou uma pequena amostra
dos protestos da oposição verificada durante os encontros de
congressistas democratas com
a população em julho e agosto.
O representante (deputado)
republicano Joe Wilson gritou
"você mente" após Obama reiterar que a reforma não estenderá a cobertura de saúde aos
imigrantes em situação irregular. A explosão de Wilson surpreendeu os parlamentares e
acabou tendo repercussão favorável para o governo.
A presidente da Câmara,
Nancy Pelosi, disse ter ficado
"chocada" com o episódio, um
tipo de manifestação atípica
para o Congresso americano,
mas considerou que o presidente fez a coisa certa ao retomar seu discurso após a manifestação. Ontem, deputados
ainda discutiam se deveria haver algum tipo de punição e se
ele deveria fazer outro pedido
de desculpas.
Em poucas horas, Wilson se
tornou um dos principais assuntos em redes de relacionamento, e sua página na internet
foi retirada do ar devido ao
grande número de acessos. Na
noite de quarta, ele ligou para
Rahm Emanuel, chefe de gabinete de Obama (equivalente ao
cargo de ministro da Casa Civil)
para se desculpar. Depois disso,
ainda divulgou comunicado.
Obama disse a jornalistas
que aceitou o pedido de desculpas. "Acredito que todos nós
cometemos erros. Ele se desculpou rapidamente, e eu aprecio isso", disse. Em entrevista a
uma rede de TV, o vice-presidente disse ter ficado constrangido com o comportamento do
republicano e afirmou que isso
diminui o Congresso.
Apesar do pedido de desculpas, Wilson afirmou ainda que
o comentário foi "espontâneo".
Alguns sinais indicam que ele
não foi bem recebido. O opositor de Wilson nas próximas
eleições na Carolina do Sul, o
democrata Robert Miller, arrecadou mais de US$ 350 mil em
doações desde o discurso até a
tarde de ontem.
O diretor de Comunicação do
Comitê Nacional Democrata,
Brad Woodhouse, disse que
após o discurso o comitê arrecadou US$ 1,1 milhão pela internet. Além disso, 381 mil pessoas assinaram uma carta de
apoio ao projeto de reforma.
Ontem, Obama fez discurso a
um grupo de enfermeiras e disse que o número de americanos
sem cobertura de saúde no país
sofreu um aumento de 6 milhões de pessoas em 2008 por
conta da recessão. Nos EUA, a
maior parte das pessoas obtém
cobertura por meio do empregador. Amanhã, o presidente
participa de evento em Minneapolis sobre a reforma.
Pesquisa da CNN indica que
2 em cada 3 americanos avaliam que o discurso fortaleceu o
plano de Obama para a reforma
da saúde. A pesquisa foi feita
com um número limitado de
pessoas, pouco mais de 400,
que assistiram ao discurso. Antes do discurso, 53% aprovavam a proposta nesta pesquisa.
Depois do discurso, o número
subiu para 67%.
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