São Paulo, sexta-feira, 11 de setembro de 2009

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Discurso impulsiona reforma de Obama

Pesquisa da CNN indica que dois terços dos americanos gostaram de fala ao Congresso; vice diz esperar aprovação até novembro

Republicano que chamou presidente de mentiroso se desculpa, mas vê doações a seu adversário democrata na próxima eleição dispararem


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, tenta aproveitar a repercussão positiva do discurso que fez ao Congresso anteontem para avançar no projeto de aprovação da reforma do sistema de saúde americano. O vice-presidente Joe Biden chegou a afirmar ontem que espera agora a aprovação do projeto antes do feriado de Ação de Graças, no fim de novembro.
No discurso, Obama experimentou uma pequena amostra dos protestos da oposição verificada durante os encontros de congressistas democratas com a população em julho e agosto.
O representante (deputado) republicano Joe Wilson gritou "você mente" após Obama reiterar que a reforma não estenderá a cobertura de saúde aos imigrantes em situação irregular. A explosão de Wilson surpreendeu os parlamentares e acabou tendo repercussão favorável para o governo.
A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, disse ter ficado "chocada" com o episódio, um tipo de manifestação atípica para o Congresso americano, mas considerou que o presidente fez a coisa certa ao retomar seu discurso após a manifestação. Ontem, deputados ainda discutiam se deveria haver algum tipo de punição e se ele deveria fazer outro pedido de desculpas.
Em poucas horas, Wilson se tornou um dos principais assuntos em redes de relacionamento, e sua página na internet foi retirada do ar devido ao grande número de acessos. Na noite de quarta, ele ligou para Rahm Emanuel, chefe de gabinete de Obama (equivalente ao cargo de ministro da Casa Civil) para se desculpar. Depois disso, ainda divulgou comunicado.
Obama disse a jornalistas que aceitou o pedido de desculpas. "Acredito que todos nós cometemos erros. Ele se desculpou rapidamente, e eu aprecio isso", disse. Em entrevista a uma rede de TV, o vice-presidente disse ter ficado constrangido com o comportamento do republicano e afirmou que isso diminui o Congresso.
Apesar do pedido de desculpas, Wilson afirmou ainda que o comentário foi "espontâneo". Alguns sinais indicam que ele não foi bem recebido. O opositor de Wilson nas próximas eleições na Carolina do Sul, o democrata Robert Miller, arrecadou mais de US$ 350 mil em doações desde o discurso até a tarde de ontem.
O diretor de Comunicação do Comitê Nacional Democrata, Brad Woodhouse, disse que após o discurso o comitê arrecadou US$ 1,1 milhão pela internet. Além disso, 381 mil pessoas assinaram uma carta de apoio ao projeto de reforma.
Ontem, Obama fez discurso a um grupo de enfermeiras e disse que o número de americanos sem cobertura de saúde no país sofreu um aumento de 6 milhões de pessoas em 2008 por conta da recessão. Nos EUA, a maior parte das pessoas obtém cobertura por meio do empregador. Amanhã, o presidente participa de evento em Minneapolis sobre a reforma.
Pesquisa da CNN indica que 2 em cada 3 americanos avaliam que o discurso fortaleceu o plano de Obama para a reforma da saúde. A pesquisa foi feita com um número limitado de pessoas, pouco mais de 400, que assistiram ao discurso. Antes do discurso, 53% aprovavam a proposta nesta pesquisa. Depois do discurso, o número subiu para 67%.


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