São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2005

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Orientação é aproximar EUA de Venezuela, diz Garcia

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que promover uma aproximação entre Estados Unidos e Venezuela é uma "orientação geral" do governo, porque "a distensão é possível".
Segundo Garcia, "há, e sempre houve, um esforço do governo Lula de estimular um bom relacionamento" entre os governos dos dois países. Fazem parte desse esforço, além dele próprio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores).
A reação de Garcia foi à entrevista do chanceler da Venezuela, Alí Rodríguez, ao jornal venezuelano "El Nacional", em que ele confirmou que o Brasil está efetuando gestões para melhorar as tensas relações entre Caracas e Washington.
Nessa entrevista, o chanceler disse que essas gestões são "bem-vindas" e não são feitas apenas pelo Brasil mas também por outros países da América do Sul e da Europa. Ele, porém, não nomeou que países seriam esses.
Ao chamar Lula de "nosso amigo", o chanceler citou especificamente a ação de Garcia, que se encontrou na semana passada com o vice-secretário de Estado dos EUA, Robert Zoellick.
Depois de vários encontros, Zoellick deu entrevistas criticando o risco do governo Chávez ao funcionamento das instituições na Venezuela e classificando o regime venezuelano de "populista".
Ontem, Garcia disse que em praticamente todos os encontros de autoridades brasileiras, seja com representantes americanos ou venezuelanos, há sempre uma sugestão para que se abram mais ao diálogo.
"É importante haver uma distensão entre Venezuela e Estados Unidos, porque eles têm intensas relações comerciais e é preciso que traduzam isso também nas relações políticas", opinou o assessor da Presidência.

Inconveniente
Garcia lembrou que, apesar dos duros discursos de lado a lado, a Venezuela é poderosa fornecedora de petróleo para os americanos, e os americanos estão aumentando os investimentos na Venezuela.
"Há base para resolver as diferenças por via diplomática", disse. Aproveitou para classificar de "inconveniente, no mínimo" a reação de Zoellick a uma declaração de Lula, que havia dito que o problema da Venezuela é "excesso de democracia", em referência à segunda eleição e ao referendo a que Chávez se submeteu. Questionado por jornalistas, Zoellick ironizou: "Não sei de onde ele [Lula] tirou isso".


Com agências internacionais

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