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Morte de repórter ofusca visita de Putin à Alemanha
Presidente russo promete punir assassinos de jornalista que era crítica ao Kremlin
Em Dresden, onde foi espião
soviético nos anos 80, Putin
é chamado de assassino por
um popular e anuncia plano
de ampliar provisão de gás
DA REDAÇÃO
O assassinato de uma das
principais repórteres investigativas da Rússia, uma contumaz crítica do Kremlin, ofuscou os temas oficiais da visita
de dois dias à Alemanha que o
presidente Vladimir Putin iniciou ontem. Putin, que prometeu prender os autores do crime, foi chamado de "assassino"
por um popular na chegada a
Dresden, cidade na qual viveu
como espião do serviço secreto
soviético (KGB) nos anos 80.
Milhares de pessoas participaram do enterro de Anna Politkovskaya, 48, cujo corpo foi
achado no sábado com marcas
de tiros no elevador do prédio
em que vivia, em Moscou. O crime contra uma das principais
jornalistas do país, conhecida
por documentar abusos cometidos pelas tropas russas na
Tchetchênia, aumentou a preocupação sobre a liberdade de
imprensa no país.
O presidente russo descreveu o assassinato como "um
crime repugnantemente cruel
que não pode ficar impune", em
entrevista concedida ao lado da
chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel. Putin insinuou,
sem entrar em detalhes, que
"inimigos" do governo, cometeram o crime para sujar a imagem do Kremlin.
Falando logo após a chanceler alemã, que manifestou
preocupação com o assassinato, Putin lamentou o crime,
mas minimizou a importância
de Politkovskaya. "O seu nível
de influência na vida política da
Rússia era pequeno", disse o
presidente. "O assassinato causa mais danos ao governo que
qualquer de seus textos."
A chegada de Putin a Dresden, onde foi espião do KGB
entre 1985 e 1990, foi tumultuada. Quando saía da limusine
oficial, foi abordado por um homem que estava na multidão.
"Assassino, você não é bem-vindo aqui", gritou o popular.
Em Moscou, o enterro de Politkovskaya foi marcado pela
revolta contra o governo, que
não mandou representante.
Milhares de pessoas deixaram
flores ao lado do caixão. "As autoridades são covardes. Por que
não vieram? Têm medo até de
uma Politkovskaya morta?",
criticou Boris Nemtsov, premiê
no governo de Boris Yeltsin.
Gás
A imprensa russa tem publicado especulações de que críticos do Kremlin no exterior podem ter planejado o assassinato para lançar as suspeitas sobre o governo. O jornal em que
Politkovskaya trabalhava, "Novaya Gazeta", indicou que o crime pode estar ligado a Ramzan
Kadyrov, o premiê da Tchetchênia apoiado por Moscou.
Um dos principais assuntos
discutidos por Putin e Merkel
em Dresden foi energia. O presidente disse à chanceler que a
Gazprom, monopólio controlada pelo Kremlin, pretende fazer da Alemanha o centro de
distribuição do gás russo na
Europa. Dois quintos do gás
consumido na Alemanha, o
maior parceiro da Rússia na
União Européia, é fornecido
pela Gazprom.
A relação com a Rússia divide
a coalizão de governo alemã.
Merkel defendeu na campanha
eleitoral de 2005 uma posição
mais crítica, mas o Ministério
do Exterior, chefiado pelos social-democratas, defendeu
num relatório recente uma
maior aproximação, para acelerar a integração russa à Europa.
Com agências internacionais
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