São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2006

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Marcha de aliados pede mais diálogo a Morales

Central sindical reúne mineiros, professores e camponeses para pressionar o governo

Greve de motoristas e donos de lotações aumenta tensão em La Paz; vítimas de violência em mina exigem indenização do governo

DA REDAÇÃO

Milhares de mineiros convocados pela principal central sindical boliviana, aliada do governo, marcharam ontem pelo centro de La Paz, capital da Bolívia, exigindo "diálogo" ao presidente Evo Morales.
O protesto, convocado pela Central Operária Boliviana (COB), aconteceu por causa da morte de 16 trabalhadores na semana passada em uma mina de estanho, numa disputa entre mineiros de cooperativas privadas e funcionários da estatal Comibol (Corporação Mineira da Bolívia).
Professores e camponeses, também convocados pela COB, se juntaram ao mineiros. Além de exigir indenização para as famílias dos mortos em Huanuni, Pedro Montes, líder da COB, pediu atenção a Morales. "Estamos exigindo que o governo nos atenda, sente-se à mesa e dê soluções. Se queremos mudança de verdade, o governo e a COB têm que sentar e discutir os problemas. O governo nunca nos convidou para apresentar as demandas dos trabalhadores", disse Montes.

Conspiração
Ao mesmo tempo, ele disse que não permitirá uma "conspiração" contra o governo. "Nós vamos ter que dar mais respostas como a que demos em 2003", disse, referindo-se aos protestos que levaram à renúncia do presidente Gonzalo Sanchéz de Losada.
Diante das declarações de Morales e seus aliados sobre conspirações, o ex-presidente Jorge Quiroga, que dirige o partido opositor de direita Podemos, disse que o conspirador "está na casa do próprio" presidente e é o vice de Morales, Alvaro García Linera.
A Federação Nacional de Cooperativas Mineiras, que até o conflito da semana passada era aliada do presidente, deu um ultimato ao governo ontem para indenizar as vítimas da tragédia na mina. "Se em 72 horas o governo não fizer nada, vamos voltar a promover protestos nacionais", ameaçou o dirigente Santos Ramírez.

Greve de motoristas
Também ontem em La Paz foi o segundo dia da greve dos motoristas do transporte coletivo e empresários de lotações contra a prefeitura da capital. Eles se opõem à legalização de vans e microônibus ilegais, são contra a transformação de uma rua do centro histórico em calçadão e exigem a reabertura de dois calçadões ao tráfego.
O prefeito de La Paz, Juan del Granado, aliado de Morales, disse que não cederá à pressão. A circulação de vans ilegais atenuou a paralisação. Mas o governo teve que declarar ponto facultativo em empresas, no governo e nas escolas para os que não puderam se locomover.
"Os dirigentes das lotações estão em uma verdadeira escalada para criar conflitos sociais contra o governo com fins de desestabilização", disse o vice-ministro de Coordenação para movimentos sociais, Alfredo Rada.


Com agências internacionais


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