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França quer ações de estatal russa, diz Sarkozy
Putin diz em cúpula que é preciso reciprocidade; Moscou e Paris mantêm divergência sobre Irã e Kosovo
DA REDAÇÃO
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que empresários de seu país estão dispostos a investir na Gazprom, a gigante estatal de energia russa.
A afirmação foi feita após
reunião com o presidente da
Rússia, Vladimir Putin, em
uma entrevista coletiva da qual
os dois participaram e que encerrou os dois dias de conferência bilateral franco-russa em
Moscou.
"Eu falei ao presidente Putin
da disposição que investidores
franceses têm em participar do
capital das grandes companhias russas, como a Gazprom", declarou Sarkozy no
Kremlin.
O interesse em investir e participar dos lucros da Gazprom
não é exclusivo dos franceses. A
companhia, que detém na Rússia o monopólio da distribuição
de gás, é também responsável
pelo abastecimento de aproximadamente 25% desse produto consumido no continente
europeu. O governo russo, que
tem transparecido sua intenção de não se desfazer dos monopólios estatais em setores estratégicos -sendo o energético
um deles-, tem alegado protecionismo por parte de países da
Europa para manter o capital
de companhias como a Gazprom restrito.
"É normal que nossos amigos
russos queiram ter participação no capital de algumas companhias francesas, e a recíproca
deve ser verdadeira", reconheceu Sarkozy. O presidente da
França lembrou ainda ao anfitrião que russos têm investimentos na européia EADS, grupo do setor aeroespacial que
controla, entre outras companhias, a Airbus.
Ao que Putin disse ser "completamente honesto, transparente e mutualmente aceitável" que empresas russas e européias troquem participações
acionárias.
Atualmente, a única grande
empresa estrangeira com investimentos na Gazprom é a
alemã E.ON, com 6% de suas
ações. O grupo italiano ENI
tem 20% de uma subsidiária da
Gazprom, a Gazprom Neft.
Divergências
Quanto a assuntos que já haviam entrado na pauta anteontem, não houve avanço.
Apesar de Sarkozy ter dito
que houve "uma certa convergência" com o Putin quanto à
posição em relação ao programa nuclear iraniano, o russo
não declarou ter mudado de
enfoque.
A França se alia, nessa questão, aos EUA e outros países da
Europa que querem adotar
mais sanções contra o Irã. A
justificativa é a suspeita de que
o objetivo do país do Oriente
Médio seja, diferentemente do
que alega, desenvolver armas
nucleares. Já a Rússia, junto
com a China -os dois com interesses econômicos em relação
ao Irã-, são contra a adoção de
mais sanções.
A "convergência" a que Sarkozy se referiu diz respeito, ao
que tudo indica, à necessidade,
frisada por Putin, de que Teerã
torne "mais transparentes"
seus planos. O presidente da
Rússia reafirmou porém não
haver provas de que o Irã esteja
atrás de armas nucleares.
Um outro assunto cujas divergências não foram aplacadas é a independência de Kosovo, Província da Sérvia. A Rússia, que tem nos sérvios aliados,
é contra; já a França, como os
EUA, é favorável à independência do território, que desde
1999 está sob administração
das Nações Unidas.
Com agências internacionais
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