São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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França quer ações de estatal russa, diz Sarkozy

Putin diz em cúpula que é preciso reciprocidade; Moscou e Paris mantêm divergência sobre Irã e Kosovo

DA REDAÇÃO

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que empresários de seu país estão dispostos a investir na Gazprom, a gigante estatal de energia russa.
A afirmação foi feita após reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em uma entrevista coletiva da qual os dois participaram e que encerrou os dois dias de conferência bilateral franco-russa em Moscou.
"Eu falei ao presidente Putin da disposição que investidores franceses têm em participar do capital das grandes companhias russas, como a Gazprom", declarou Sarkozy no Kremlin.
O interesse em investir e participar dos lucros da Gazprom não é exclusivo dos franceses. A companhia, que detém na Rússia o monopólio da distribuição de gás, é também responsável pelo abastecimento de aproximadamente 25% desse produto consumido no continente europeu. O governo russo, que tem transparecido sua intenção de não se desfazer dos monopólios estatais em setores estratégicos -sendo o energético um deles-, tem alegado protecionismo por parte de países da Europa para manter o capital de companhias como a Gazprom restrito.
"É normal que nossos amigos russos queiram ter participação no capital de algumas companhias francesas, e a recíproca deve ser verdadeira", reconheceu Sarkozy. O presidente da França lembrou ainda ao anfitrião que russos têm investimentos na européia EADS, grupo do setor aeroespacial que controla, entre outras companhias, a Airbus.
Ao que Putin disse ser "completamente honesto, transparente e mutualmente aceitável" que empresas russas e européias troquem participações acionárias.
Atualmente, a única grande empresa estrangeira com investimentos na Gazprom é a alemã E.ON, com 6% de suas ações. O grupo italiano ENI tem 20% de uma subsidiária da Gazprom, a Gazprom Neft.

Divergências
Quanto a assuntos que já haviam entrado na pauta anteontem, não houve avanço.
Apesar de Sarkozy ter dito que houve "uma certa convergência" com o Putin quanto à posição em relação ao programa nuclear iraniano, o russo não declarou ter mudado de enfoque.
A França se alia, nessa questão, aos EUA e outros países da Europa que querem adotar mais sanções contra o Irã. A justificativa é a suspeita de que o objetivo do país do Oriente Médio seja, diferentemente do que alega, desenvolver armas nucleares. Já a Rússia, junto com a China -os dois com interesses econômicos em relação ao Irã-, são contra a adoção de mais sanções.
A "convergência" a que Sarkozy se referiu diz respeito, ao que tudo indica, à necessidade, frisada por Putin, de que Teerã torne "mais transparentes" seus planos. O presidente da Rússia reafirmou porém não haver provas de que o Irã esteja atrás de armas nucleares.
Um outro assunto cujas divergências não foram aplacadas é a independência de Kosovo, Província da Sérvia. A Rússia, que tem nos sérvios aliados, é contra; já a França, como os EUA, é favorável à independência do território, que desde 1999 está sob administração das Nações Unidas.


Com agências internacionais


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