São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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Em escalada militar, China amplia sua defesa aérea

Divulgação de rede de radares coincide com 1º desfile militar em Taiwan em 16 anos

Sistema teria capacidade para cobrir todo o espaço aéreo chinês; Pequim tem elevado gastos com arsenal e em 2006 superou Tóquio

Chiang Ying-ying/Associated Press
Veículos militares desfilam por Taipé na data nacional de Taiwan; tensão com China é crescente


DO "NEW YORK TIMES"

Dando continuidade a uma escalada militar que ganhou força neste ano, quando o país se tornou o quarto em gastos de Defesa no mundo, a cobertura dos radares de segurança da China agora se equipara à rede de países desenvolvidos, segundo divulgaram ontem os meios de comunicação oficiais do país. O anúncio coincide com o primeiro desfile militar em Taiwan em 16 anos.
Um graduado funcionário da Força Aérea chinesa, Fang Lei, disse ao "Liberation Army Daily" que uma rede "sem costuras" de radares cobre todo o espaço aéreo chinês -que ajudaria em operações ofensivas.
O desenvolvimento de um sistema de alta performance complementa o crescente poderio militar da China, cujos investimentos têm priorizado radares, mísseis e caças.
Segundo relatório do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo, a China tornou-se em 2006 o país com o maior investimento na Ásia, superando o Japão. Os chineses também pularam da quinta para a quarta posição no ranking por país de gastos militares, liderado pelos EUA.
O sistema de radares é um desafio para Taiwan, que tenta contornar a força militar do continente. A China diz que a ilha democrática é uma Província rebelde e já ameaçou usar a força por várias vezes.
Num discurso televisionado, o presidente taiwanês, Chen Shui-bian, pediu ontem à comunidade internacional que pressione a China a retirar os 800 mísseis que mantém apontados para a ilha e a interromper os exercícios militares. Também pediu que a China adote a democracia.
A tensão no estreito de Taiwan tem aumentado desde a decisão do presidente, num arroubo independentista, de fazer um referendo pela entrada do país na ONU sob o nome de Taiwan -e não República da China. As Nações Unidas adotam a política de China única e reconhecem somente Pequim.
A decisão de Chen de reavivar a tradicional parada militar no dia em que comemora a queda da última dinastia imperial chinesa (em 1911) foi uma tentativa de atrair a atenção para a ameaça que Taiwan sofre. Também mirou obter apoio para as eleições presidenciais do próximo ano, para as quais seu Partido Progressista Democrático tem perdido fôlego. Os festejos haviam sido interrompidos em 1991 pelos nacionalistas do Kuomintang, então no poder, para acalmar Pequim.
Como parte da resposta militar à China, Taiwan desenvolveu um míssil que poderia atingir, por exemplo, Xangai, segundo especialistas. Houve especulações de que ele poderia estar na parada de ontem, ao lado de outros artefatos -mas o governo disse que a arma ainda está sendo construída.

Salto
Até o começo dos anos 1990, quando o poderio militar chinês era considerado obsoleto para os padrões ocidentais, Taiwan construiu, com o apoio dos EUA e da França, um caça que, hoje, não conseguiria penetrar o espaço aéreo chinês.
Além dos mísseis, a China agora tem modernos caças russos. Com o balanço militar pendendo a favor da China, é difícil para a população de Taiwan aceitar a oposição americana a um novo míssil, disse I-Chung Lai, diretor do Departamento de Assuntos Estrangeiros do PPD. A ilha sempre defendeu um poderio capaz de atingir a China, que superaria os EUA caso estes tivessem de intervir numa guerra no estreito.
O comandante das Forças Armadas americanas no Japão, Bruce Wright, disse à Associated Press que a defesa aérea da China torna quase impossível a entrada dos F-15 e F-16 que o país mantém na Ásia. "Pela primeira vez estamos vendo a China com caças mais novos que os nossos."


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