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Em escalada militar, China amplia sua defesa aérea
Divulgação de rede de radares coincide com 1º desfile militar em Taiwan em 16 anos
Sistema teria capacidade para cobrir todo o espaço aéreo chinês; Pequim tem elevado gastos com arsenal e em 2006 superou Tóquio
Chiang Ying-ying/Associated Press
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Veículos militares desfilam por Taipé na data nacional de Taiwan; tensão com China é crescente |
DO "NEW YORK TIMES"
Dando continuidade a uma
escalada militar que ganhou
força neste ano, quando o país
se tornou o quarto em gastos de
Defesa no mundo, a cobertura
dos radares de segurança da
China agora se equipara à rede
de países desenvolvidos, segundo divulgaram ontem os meios
de comunicação oficiais do
país. O anúncio coincide com o
primeiro desfile militar em Taiwan em 16 anos.
Um graduado funcionário da
Força Aérea chinesa, Fang Lei,
disse ao "Liberation Army
Daily" que uma rede "sem costuras" de radares cobre todo o
espaço aéreo chinês -que ajudaria em operações ofensivas.
O desenvolvimento de um
sistema de alta performance
complementa o crescente poderio militar da China, cujos investimentos têm priorizado radares, mísseis e caças.
Segundo relatório do Instituto Internacional de Pesquisa da
Paz de Estocolmo, a China tornou-se em 2006 o país com o
maior investimento na Ásia,
superando o Japão. Os chineses
também pularam da quinta para a quarta posição no ranking
por país de gastos militares, liderado pelos EUA.
O sistema de radares é um
desafio para Taiwan, que tenta
contornar a força militar do
continente. A China diz que a
ilha democrática é uma Província rebelde e já ameaçou usar a
força por várias vezes.
Num discurso televisionado,
o presidente taiwanês, Chen
Shui-bian, pediu ontem à comunidade internacional que
pressione a China a retirar os
800 mísseis que mantém apontados para a ilha e a interromper os exercícios militares.
Também pediu que a China
adote a democracia.
A tensão no estreito de Taiwan tem aumentado desde a
decisão do presidente, num arroubo independentista, de fazer um referendo pela entrada
do país na ONU sob o nome de
Taiwan -e não República da
China. As Nações Unidas adotam a política de China única e
reconhecem somente Pequim.
A decisão de Chen de reavivar a tradicional parada militar
no dia em que comemora a queda da última dinastia imperial
chinesa (em 1911) foi uma tentativa de atrair a atenção para a
ameaça que Taiwan sofre.
Também mirou obter apoio para as eleições presidenciais do
próximo ano, para as quais seu
Partido Progressista Democrático tem perdido fôlego. Os festejos haviam sido interrompidos em 1991 pelos nacionalistas
do Kuomintang, então no poder, para acalmar Pequim.
Como parte da resposta militar à China, Taiwan desenvolveu um míssil que poderia atingir, por exemplo, Xangai, segundo especialistas. Houve especulações de que ele poderia
estar na parada de ontem, ao lado de outros artefatos -mas o
governo disse que a arma ainda
está sendo construída.
Salto
Até o começo dos anos 1990,
quando o poderio militar chinês era considerado obsoleto
para os padrões ocidentais, Taiwan construiu, com o apoio dos
EUA e da França, um caça que,
hoje, não conseguiria penetrar
o espaço aéreo chinês.
Além dos mísseis, a China
agora tem modernos caças russos. Com o balanço militar pendendo a favor da China, é difícil
para a população de Taiwan
aceitar a oposição americana a
um novo míssil, disse I-Chung
Lai, diretor do Departamento
de Assuntos Estrangeiros do
PPD. A ilha sempre defendeu
um poderio capaz de atingir a
China, que superaria os EUA
caso estes tivessem de intervir
numa guerra no estreito.
O comandante das Forças
Armadas americanas no Japão,
Bruce Wright, disse à Associated Press que a defesa aérea da
China torna quase impossível a
entrada dos F-15 e F-16 que o
país mantém na Ásia. "Pela primeira vez estamos vendo a China com caças mais novos que os
nossos."
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