São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002

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Ação contra extremistas deixa quatro mortos na Jordânia

DA REDAÇÃO

As forças especiais da Jordânia entraram em choque com centenas de jovens armados em uma ampla operação do governo para reprimir extremistas islâmicos na cidade de Maan, no sul do país. Pelo menos quatro pessoas morreram -uma delas da polícia.
O motivo alegado para a ação seria a busca dos responsáveis pela morte de um diplomata americano em Amã, capital do país, duas semanas atrás.
Porém uma autoridade jordaniana afirmou para a agência de notícias Reuters que a operação visava também combater extremistas islâmicos antes de acontecer uma possível ofensiva americana contra o Iraque.
"A operação foi montada em Maan para evitar que a situação no país não fuja do controle durante uma possível guerra no Iraque", disse a autoridade, refletindo o temor no país de que um ataque contra o regime de Saddam Hussein abale a Jordânia.

Cerco
As forças jordanianas cercaram a casa de Mohammed Ahmad Shalaby, que estava sendo defendida por jovens de máscaras que pertenceriam a tribos beduínas.
Shalaby e seus seguidores são acusados de serem contrabandistas e traficantes de drogas.
O ministro do Interior da Jordânia, Qaftan Majali, afirmou que os membros do grupo foram detidos, entre eles estrangeiros. Além disso, armas teriam sido confiscadas. O ministro se recusou a comentar sobre vítimas. "A campanha prosseguirá até todos os envolvidos serem detidos",disse.
As tribos beduínas são conservadoras e se opõem ao governo pró-Ocidente e aos acordos de paz assinados com Israel. Em anos recentes, demonstrações em apoio ao Iraque sempre terminaram em confrontações no país.
Mais de cem pessoas já foram presas desde o início das buscas pelo assassino do diplomata americano Laurence Foley. Foi o primeiro assassinato de um diplomata ocidental na Jordânia. O atentado aconteceu em um momento em que crescem os sentimentos antiamericanos no país.
A maior parte dos jordanianos tem origem palestina e está extremamente insatisfeita com as políticas americanas para a região.
Maan, a cidade onde aconteceram os choques de ontem, se localiza a 322 km ao sul de Amã e é conhecida por ser um bastião do fundamentalismo islâmico. Muitos moradores locais são sauditas.
A Frente de Ação Islâmica, o maior partido jordaniano, disse em comunicado que os choques em Maan podem "colocar em risco a segurança nacional em um momento em que pode acontecer uma guerra no Iraque".
O poderoso grupo político Irmandade Muçulmana, de tendência conservadora, pediu ao governo para que não sejam utilizados métodos duros para a detenção de suspeitos. "O governo pode capturar qualquer fugitivo sem utilizar essa violência, que aterroriza pessoas inocentes."
Além da casa de Shalaby, os choques aconteceram principalmente em uma rua central onde há grande número de comerciantes palestinos. Testemunhas afirmaram que muitos feridos foram levados para hospitais da cidade, de 40.000 habitantes.
As autoridades cortaram as linhas telefônicas da cidade, que ficou sob toque de recolher, com os escritórios do governo e as escolas fechadas. Foram utilizados veículos blindados, que tomaram posições na cidade desde sábado.


Com agências internacionais


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