São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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Estupro de garota gera reação sul-africana

Estudante de 15 anos foi violentada por 3 rapazes dentro de escola pública, que falhou em responder ao episódio

Alunos que gravaram no celular o estupro mostraram vídeos para professores, que teriam achado "hilariante"

DE SÃO PAULO

A falta de reação após o estupro de uma menina de 15 anos por uma gangue dentro de uma escola pública de Johannesburgo, na África do Sul, causou a fúria de grupos de direitos humanos e criou uma crise política no país.
O ataque teria ocorrido durante o horário de aulas, na última quinta-feira. Duas meninas teriam sido drogadas e uma delas, estuprada por três rapazes.
O estupro coletivo teria sido filmado por outros três garotos, usando seus celulares.
As imagens teriam sido mostradas a professores e policiais, segundo informou a imprensa local.
Mas não teria havido reação porque esta é a época das provas, e a escola não queria perturbar os estudantes.
O porta-voz da Comissão pela Igualdade de Gêneros do governo, Javu Baloyi, disse que, ao assistir aos vídeos, professores teriam achado "hilariante".
O episódio foi largamente veiculado pela mídia sul-africana, o que ajudou a criar ainda mais indignação.
"A Lei das Crianças exige que todas as pessoas em posição de autoridade que suspeitem da possível ocorrência de abuso infantil informem tais incidentes, e isso inclui os professores", disse Lulu Xingwana, ministra para Mulheres.
O Departamento de Educação da província de Gauteng, onde fica a escola, declarou que está oferecendo apoio emocional às vítimas.
Além da apuração oficial, um investigador particular foi contratado com o objetivo de descobrir se será necessária ação disciplinar contra alunos ou o corpo docente do colégio.

ACUSADOS
A polícia disse que dois rapazes, com idades de 14 e 16 anos, foram detidos na última segunda-feira por conexão com o episódio.
O jornal sul-africano "The Star" informou que um deles é aluno da mesma escola onde o estupro foi cometido.
Ontem, promotores negaram que as acusações de estupro contra os dois tenham sido retiradas.
Anteontem, os suspeitos compareceram diante de um juiz. Mas não havia evidências suficientes contra eles.
"Pedimos à polícia que conduza mais investigações e obtenha mais declarações", disse o promotor Mthunzi Mhaga.
A África do Sul tem uma das incidências de estupro mais altas do mundo, apesar de ter havido uma ligeira queda recentemente.
No período de abril de 2009 a março de 2010 (último disponível), houve 68.332 casos de crimes sexuais, 4,4% menos do que nos 12 meses anteriores.
O tema também tem componentes políticos. Há cinco anos, o atual presidente do país, Jacob Zuma, chegou a ser julgado pelo estupro de uma garota, mas acabou absolvido por falta de provas.


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