São Paulo, Sábado, 11 de Dezembro de 1999


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ARGENTINA
Novo presidente anuncia aumento de impostos em discurso de posse e culpa antecessor pela medida
De la Rúa assume criticando Menem

France Presse
Carlos Menen (esq.) passa a Presidência para De la Rúa (dir.)


VANESSA ADACHI
de Buenos Aires

Fernando de la Rúa assumiu ontem a Presidência da Argentina anunciando que elevará os impostos e colocando a culpa pela impopular medida sobre o ex-presidente Carlos Menem, que lhe deixa um Estado endividado.
As afirmações foram feitas durante seu juramento no Congresso, diante de chefes de Estado de vários países, inclusive o brasileiro, Fernando Henrique Cardoso.
De la Rúa iniciou seu discurso afirmando que diria a verdade ao povo. "A situação é mais grave que a informada pelo governo que sai, que fala de uma ordem financeira que não existe."
O novo presidente, da coalizão de centro-esquerda Aliança (UCR-Frepaso), aproveitou o discurso de posse para tentar se esquivar do custo político das medidas impopulares que tomará. Sua fala foi orientada em função de não ter conseguido aprovar o Orçamento para o próximo ano antes da posse. Não houve acordo com a oposição do Partido Justicialista (peronista) e De la Rúa amargou sua primeira derrota.
Ele lembrou que o governo Menem viveu uma onda de crescimento, reformou o Estado com privatizações e alcançou a estabilidade da moeda e que, por tudo isso, deveria estar entregando as contas em ordem. "Em vez disso, há um enorme déficit orçamentário", disse De la Rúa.
O novo presidente justificou o aumento de impostos que está a caminho dizendo que o corte de gastos não será suficiente para eliminar o vermelho das contas públicas, que beira os US$ 10 bilhões em 2000. Ele prometeu que o pacote fiscal procurará cobrar mais impostos dos que "podem mais" e que isso será "transitório, até que a recuperação econômica e o êxito da luta contra a evasão e a corrupção dêem seus frutos. O presidente que assume não quer mais impostos, mas é preciso reduzir o déficit", acrescentou.
De la Rúa reforçou suas promessas de investigar as denúncias de corrupção contra o governo Menem, que foi um dos motores de sua vitória nas eleições.
Ele fez ainda a defesa de um Estado mais presente. "Trata-se de um novo conceito de uma sociedade mais solidária, não fundada no mero assistencialismo, mas na convicção de que o crescimento só será sustentado se acompanhado pelo desenvolvimento da pessoa humana."

Mercosul
O novo presidente dedicou um capítulo do discurso ao Mercosul. "Reafirmo a importância do Mercosul como projeto estratégico de crescimento regional, aberto à incorporação de outros países."
De la Rúa disse que o bloco deve avançar sobre outros temas, além do comercial, para levar a região ao progresso.
Também na área de política externa, De la Rúa sinalizou que seu governo defenderá a soberania sobre as ilhas Malvinas.


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