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SEM ENTUSIASMO
Com o fim da campanha, país recolhe propaganda política
do enviado especial a Santiago
O Chile amanheceu ontem como se não estivesse na antevéspera de uma eleição presidencial. Os
cartazes dos principais candidatos, colados sobre cavaletes em
praças públicas, foram retirados
de madrugada.
Como não há por aqui o hábito
de uso de outdoors, o cumprimento da lei que suspende qualquer forma de propaganda política deu ao país um novo visual.
Além da lei seca -proibição do
consumo de bebidas alcóolicas,
que é também adotada no Brasil- há particularidades chilenas
que forçam o eleitor a uma espécie de retiro cívico durante o qual,
teoricamente, deverá meditar em
quem irá votar.
É assim que, no domingo, dia do
primeiro turno, não abrem cinemas, teatros, discotecas, estádios
ou entidades culturais. Desde ontem de manhã está proibido o
porte de armas e a venda, nos supermercados, de vinho, cerveja
ou bebidas destiladas.
As eleições só existem no noticiário dos jornais e na maciça movimentação de homens fardados.
De fato, só em Santiago 13 mil soldados das Forças Armadas e da
PM ("Carabineros") tomam conta dos 382 locais requisitados para
a votação. Homens e mulheres
não se misturam. Votam em seções eleitorais separadas.
Num raio de 200 metros ao redor desses locais já é proibido estacionar qualquer tipo de veículo.
Os dois principais candidatos, o
direitista Joaquín Lavín e o socialista Ricardo Lagos, mantiveram
reuniões em Santiago com assessores de campanha.
Joaquín Lavín marcou uma
próxima reunião para a segunda-feira, às 10h30, na produtora independente contratada para seu horário eleitoral na TV. Maneira de
demonstrar a convicção de que
haverá um segundo turno.
Lagos, no entanto, diz ter uns
80% de convicção de que obterá
amanhã a maioria absoluta. Com
isso, já estaria eleito e dispensaria
o segundo turno, marcado a
princípio para 16 de janeiro.
Em tempo: não há no Chile Justiça Eleitoral. Há um diretor de
eleições, funcionário do governo.
Conflitos são resolvidos pela Justiça comum, que aplica a "Ley Orgánica Constitucional sobre Votaciones Populares y Escrutinios".
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