São Paulo, Sábado, 11 de Dezembro de 1999


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HOLOCAUSTO
Relatório acusa governo suíço
Suíça barrou judeus e ajudou o nazismo

das agências internacionais

Bloqueios impostos pela Suíça à entrada de refugiados durante a Segunda Guerra ajudaram a Alemanha nazista a matar mais pessoas nos campos de extermínio.
Essa é a principal conclusão do chamado Relatório Bergier, divulgado ontem por uma comissão de historiadores de EUA, Israel e Suíça que se debruçaram sobre a história do período a pedido do governo suíço.
"A Suíça se negou a ajudar pessoas em perigo mortal", afirma o documento. Segundo o estudo, mesmo sabendo das intenções assassinas do regime hitlerista, o país fechou suas fronteiras aos judeus que tentavam escapar.
Pelo menos 24.500 judeus tiveram a entrada proibida no país entre janeiro de 1940 e o final da guerra, em 1945 -"quando a Suíça era sua última esperança".
Fica difícil calcular quantas pessoas deixaram de procurar refúgio na Suíça ao tomar conhecimento da política de seu governo. Assim, diz o relatório, "o número total que poderia ser salvo pela Suíça é desconhecido. Ao criar barreiras adicionais aos refugiados em suas fronteiras, as autoridades suíças ajudaram o regime nazista a atingir seus objetivos, intencionalmente ou não".
A Suíça -que se manteve neutra durante a guerra e cujas instituições financeiras são acusadas de ter se apropriado de dinheiro de vítimas do Holocausto- recebeu 51 mil refugiados durante a guerra (20 mil judeus entre eles).
Mas, dizem os historiadores, "uma política mais humana teria salvado milhares de refugiados".
O governo suíço, que já havia feito um pedido oficial de desculpas por isso em 1995, voltou a fazê-lo ontem. A atual presidente da Suíça, Ruth Dreifuss, ela própria judia, renovou o pedido de desculpas, mas negou que as autoridades da época tenham sido cúmplices do genocídio.
"O relatório nos lembra que, naquela época negra da história humana, a Suíça não seguiu a sua tradição humanitária da forma que deveria ter seguido", disse.


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