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Governadores de oposição ameaçam declarar autonomia no próximo sábado
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ
Os governadores dos departamentos (Estados) de Santa
Cruz, Pando, Beni, Tarija e Cochabamba, que fazem oposição
ao governo Morales, divulgaram ontem documento no qual
não reconhecem a nova Constituição boliviana, aprovada anteontem. Os quatro primeiros
dirigentes afirmaram que no
próximo sábado declararão a
autonomia de suas regiões em
relação a La Paz.
"O país desconhece o texto
do projeto de Constituição do
[partido] governista MAS, votado de maneira ilegal e antidemocrática", diz comunicado lido pelo governador Leopoldo
Fernández (Pando) na TV, após
reunião com os demais oposicionistas em Cochabamba.No
domingo à noite, o governador
do departamento de Santa
Cruz, Rubén Costas, fez pronunciamento na TV cruzenha
afirmando que a Carta é "acista
e excludente". "Santa Cruz está
em perigo" disse.
A Carta aprovada pelo governista MAS (Movimento ao Socialismo) e aliados ainda irá a
referendo. A sessão da Constituinte em Oruro teve a presença dos representantes da oposicionista UN (União Nacional) e
de dissidentes do maior partido
de oposição, o Podemos, que
não participou por considerar a
reunião ilegal.
No próximo dia 15, Pando,
Beni e Tarija, além de Santa
Cruz, afirmam que vão implementar a "Carta Autonômica",
documento que declara independência em relação ao governo central em temas como gastos públicos e organização fundiária. Em referendo em 2006,
as quatro regiões disseram
"sim" à autonomia, mas o "não"
ganhou no país.
Os oposicionistas argumentam que a autonomia prevista
no texto constitucional aprovado não é a que querem porque,
principalmente, também estabelece a autonomia indígena.
Municípios ou regiões que se
declarem indígenas, por exemplo, não terão de responder aos
governos dos departamentos.
O texto constitucional também
cria Legislativos para as regiões
e estabelece que serão os parlamentares regionais, quando
eleitos, que votarão o estatuto
autonômico.
Os departamentos bolivianos, que elegeram governadores pela primeira vez em 2005
(antes eram nomeados pelo
Executivo nacional), não têm
hoje Legislativos próprios.
Ainda não está claro que implicações terá a declaração de
autonomia unilateral nos quatro departamentos -35,7% da
população boliviana. Mas, nos
protestos que realizam nas regiões, opositores costumam
ocupar pedágios e escritórios
de recolhimento de impostos.
O governo Morales já declarou
que "aplicará a lei" contra os
governadores.
Os governadores também
afirmaram que aceitam o referendo revogatório de seus mandatos e do de Morales. Rejeitam, porém, a projeto da consulta enviado pelo presidente
ao Congresso no domingo.
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