São Paulo, sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

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De olho no 2º turno, Frei antecipa mea-culpa

DO ENVIADO A SANTIAGO

Em amostra do que será sua atitude em um eventual segundo turno, o candidato do governo à Presidência do Chile, o ex-presidente Eduardo Frei (1994-1999), terminou ontem sua campanha na TV com uma espécie de autocrítica pelo desgaste da coalizão oficial, que pode perder o poder pela primeira vez em 20 anos.
"Sei que há descontentamento, sei que há raiva e sei que há muitas coisas por fazer, mas quero que saibam que escutei sua mensagem com humildade", disse Frei, hoje em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Sebastián Piñera.
Mais da metade do programa de cinco minutos foi dedicada ao eixo principal da campanha de Frei: ampliar a rede de proteção social do governo, carro-chefe da gestão Michelle Bachelet, que detém a maior aprovação (cerca de 80%) da história recente chilena.
O ex-presidente destaca ao final que "há muito em jogo na eleição". "Para os que têm vida mais precária, para a classe média sem proteção, para os que sentiram na presidente Bachelet uma mão protetora e uma voz de alento", completa.
Para prevenir acusações de uso eleitoral do episódio, o comando de Frei acabou por descartar a repetição, no último capítulo do programa, de fala do candidato sobre seu pai, o presidente Eduardo Frei Montalva (1964-1970), morto em 1982 em suposta ação da ditadura Augusto Pinochet (1973-1990).
Nesta semana, a Justiça mandou prender seis pessoas -entre elas três médicos ligados à ditadura- sob acusação de participação na morte de Frei Montalva. O caso deu margem para o governo e Frei reforçarem ofensiva midiática sobre direitos humanos, tema que facilita a polarização com a direita e deve também marcar a estratégia oficial em um segundo turno contra Piñera.
Ontem, por exemplo, Dia Internacional dos Direitos Humanos e terceiro aniversário da morte de Pinochet, a presidente Bachelet, outra vítima da ditadura, visitou um memorial por 15 mortos pelo regime e fez menção ao caso Frei Montalva.
Frei encerraria sua campanha na noite de ontem na cidade de Concepción, em ato para 10 mil pessoas. Ali também faria seus primeiros acenos aos outros dois candidatos de esquerda, Marco Enríquez-Ominami e Jorge Arrate, dissidentes da Concertação, com vistas ao segundo turno.
Já o candidato da oposição escolheu o centro de Santiago para fechar sua campanha, em ato previsto para 30 mil pessoas que, pela manhã, já prejudicava o trânsito na capital chilena pelo fechamento de ruas.
O local escolhido foi o mesmo em que o atual candidato a senador Joaquín Lavín encerrou sua campanha a presidente em 1999, ocasião em que a coalizão de direita ficou a 30 mil votos de Ricardo Lagos, em seu melhor rendimento eleitoral desde a redemocratização. (TG)


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