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De olho no 2º turno, Frei antecipa mea-culpa
DO ENVIADO A SANTIAGO
Em amostra do que será sua
atitude em um eventual segundo turno, o candidato do governo à Presidência do Chile, o ex-presidente Eduardo Frei
(1994-1999), terminou ontem
sua campanha na TV com uma
espécie de autocrítica pelo desgaste da coalizão oficial, que
pode perder o poder pela primeira vez em 20 anos.
"Sei que há descontentamento, sei que há raiva e sei que há
muitas coisas por fazer, mas
quero que saibam que escutei
sua mensagem com humildade", disse Frei, hoje em segundo lugar nas pesquisas, atrás de
Sebastián Piñera.
Mais da metade do programa
de cinco minutos foi dedicada
ao eixo principal da campanha
de Frei: ampliar a rede de proteção social do governo, carro-chefe da gestão Michelle Bachelet, que detém a maior aprovação (cerca de 80%) da história recente chilena.
O ex-presidente destaca ao
final que "há muito em jogo na
eleição". "Para os que têm vida
mais precária, para a classe média sem proteção, para os que
sentiram na presidente Bachelet uma mão protetora e uma
voz de alento", completa.
Para prevenir acusações de
uso eleitoral do episódio, o comando de Frei acabou por descartar a repetição, no último
capítulo do programa, de fala
do candidato sobre seu pai, o
presidente Eduardo Frei Montalva (1964-1970), morto em
1982 em suposta ação da ditadura Augusto Pinochet (1973-1990).
Nesta semana, a Justiça
mandou prender seis pessoas
-entre elas três médicos ligados à ditadura- sob acusação
de participação na morte de
Frei Montalva. O caso deu margem para o governo e Frei reforçarem ofensiva midiática
sobre direitos humanos, tema
que facilita a polarização com a
direita e deve também marcar a
estratégia oficial em um segundo turno contra Piñera.
Ontem, por exemplo, Dia Internacional dos Direitos Humanos e terceiro aniversário da
morte de Pinochet, a presidente Bachelet, outra vítima da ditadura, visitou um memorial
por 15 mortos pelo regime e fez
menção ao caso Frei Montalva.
Frei encerraria sua campanha na noite de ontem na cidade de Concepción, em ato para
10 mil pessoas. Ali também faria seus primeiros acenos aos
outros dois candidatos de esquerda, Marco Enríquez-Ominami e Jorge Arrate, dissidentes da Concertação, com vistas
ao segundo turno.
Já o candidato da oposição
escolheu o centro de Santiago
para fechar sua campanha, em
ato previsto para 30 mil pessoas que, pela manhã, já prejudicava o trânsito na capital chilena pelo fechamento de ruas.
O local escolhido foi o mesmo em que o atual candidato a
senador Joaquín Lavín encerrou sua campanha a presidente
em 1999, ocasião em que a coalizão de direita ficou a 30 mil
votos de Ricardo Lagos, em seu
melhor rendimento eleitoral
desde a redemocratização.
(TG)
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