São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Ato público de sábado era por empregos

Britânicos dispersam protesto depois da morte de seis em Amara

DA ASSOCIATED PRESS

Armados com paus e pedras, iraquianos protestaram ontem contra a presença militar britânica em Amara, no sudoeste do Iraque, um dia depois de soldados terem aberto fogo contra manifestantes, que exigiam pensões e empregos. O saldo foi de seis mortos e 11 feridos.
A multidão avançou sobre os militares que faziam a segurança do prédio da administração da cidade. Explosões foram vistas e ouvidas no meio da multidão. Acredita-se que eram bombas de fabricação caseira, feitas com latas, pregos e explosivos.
Os soldados bloquearam ruas e obrigaram a multidão a recuar, usando cacetetes ou avançando em pelotões, protegidos por escudos e empurrando os manifestantes com as mãos.
A tensão em Amara, que fica a 320 quilômetros a sudeste de Bagdá, começou no sábado, quando centenas de iraquianos fizeram um protesto para cobrar das autoridades a promessa de criação de novos empregos.
Os manifestantes atiraram pedras no edifício da administração da cidade, quebrando várias janelas. Tiros e bombas caseiras também foram disparados do meio da multidão. Em resposta, a polícia iraquiana abriu fogo contra os manifestantes. Médicos disseram que seis pessoas foram mortas. Os britânicos, por sua vez, dizem que foram cinco. Não houve vítimas entre os soldados e os policiais.
Antes de os americanos invadirem o Iraque, as forças de segurança de Saddam Hussein eram as maiores empregadoras da cidade, que tem 400 mil habitantes.

Oposição xiita
O maior líder religioso xiita do Iraque endureceu a oposição ao plano dos EUA de nomearem uma Assembléia Nacional Provisória, o que complica o plano norte-americano de entregar o poder aos iraquianos em julho.
O aiatolá Ali al Sistani exige que a assembléia seja escolhida em eleições diretas -o que favoreceria os xiitas, majoritários na população-, alegando que um grupo escolhido não terá legitimidade. "Isso traria novos problemas, e política e a segurança irão piorar", declarou.
As posições de Sistani são muito respeitadas entre os xiitas iraquianos. Sua oposição já forçou alterações nos planos americanos de transição de governo.

Armas químicas
No sábado, soldados dinamarqueses encontraram cerca de 30 projéteis próximo a Quarnah, ao norte de Basra, que podem conter agentes químicos.
As munições estavam embaladas em plásticos e, aparentemente, estiveram enterradas pelos últimos dez anos.
O material foi encaminhada para testes, que irão determinar se se trata ou não de armas químicas.
Essa pode ser a primeira evidências de armas químicas ou biológicas no Iraque após nove meses de buscas. Até o momento, os EUA e o Reino Unido não encontraram armas de destruição em massa no país.



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