São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 2006

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Milhares protestam contra caricaturas na Europa

DA REDAÇÃO

Milhares de pessoas participaram de protestos pacíficos ontem em cidades da Europa, como Londres e Paris, contra a publicação de charges sobre o profeta Muhammad. Segundo um porta-voz do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha, entidade que convocou a manifestação na praça Trafalgar, no centro de Londres, cerca de 10 mil pessoas estavam presentes. A polícia britânica calculou que seriam 3.500. Os manifestantes levavam cartazes com frases como "Unidos contra a islamofobia" e "Muhammad, símbolo da liberdade e da honra".
O protesto teve apoio do prefeito de Londres, Ken Livingstone, e de organizações muçulmanas moderadas. O prefeito justificou seu apoio dizendo que a manifestação permite conhecer "o ponto de vista da corrente dominante da comunidade muçulmana", algo que, segundo ele, a maior parte da cobertura da mídia não respeitou.
Em Paris, convocadas por várias associações muçulmanas, cerca de 7.200 pessoas, segundo a polícia, participaram do protesto contra as charges. Cinco jornais franceses reproduziram as charges, publicadas originalmente na Dinamarca.
"Queremos mostrar, de forma pacífica, que os muçulmanos se sentem profundamente ofendidos pelas caricaturas e que não se trata de liberdade de expressão, mas de insultos que passam o limite ofensivo", disse Fayzal Menia, porta-voz da união das associações muçulmanas do subúrbio de Seine-Saint-Denis.
Liderando o cortejo, havia uma bandeira em que se lia "Respeito às religiões, liberdade de expressão... Não há contradição". Outros cartazes traziam escritas mensagens como "Muçulmanos franceses têm direito ao respeito", "Não ao terrorismo midiático" e "Sim à liberdade de culto, não aos insultos".
Grupos muçulmanos também organizaram manifestações ontem em outras cidades européias como Berlim e Dusseldorf (Alemanha), Amsterdã (Holanda), Oslo (Noruega) e Berna (Suíça).

Reação dinamarquesa
A Dinamarca anunciou ontem que retirou diplomatas e suas equipes da Indonésia e do Irã devido a ameaças. Na sexta-feira, o serviço diplomático dinamarquês deixou a Síria porque não tinha proteção suficiente das autoridades, segundo o governo dinamarquês. Nesses países, as embaixadas da Dinamarca foram atacadas recentemente em protestos contra as caricaturas.
O ministério das Relações Exteriores dinamarquês também pediu ontem aos seus cidadãos que deixem a Indonésia imediatamente, informando que eles enfrentam um perigo iminente de um grupo extremista.
"Existe informação concreta que indica que um grupo extremista vai procurar dinamarqueses em protesto contra a publicação de charges de Muhammad", informou o ministério de Relações Exteriores, sem mencionar qual seria esse grupo.
A ONG dinamarquesa ASF Dansk Folkehjaelp retirou dez funcionários do Afeganistão ontem por causa das ameaças. "Não nos atrevemos a deixar nossos colaboradores em Cabul desde que se colocou preço para a cabeça dos dinamarqueses", informou Klaus Noerlem, secretário-geral da organização.


Com agências internacionais


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