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SUCESSÃO NOS EUA/ ESTRATÉGIA
Em crise, Hillary foca Texas, Ohio e recurso
Para obter candidatura democrata, senadora centra forças em Estados maiores e manobra para revalidar votações anuladas
Ex-primeira-dama sofreu derrotas consecutivas desde Superterça e trocou chefia de campanha; Obama deve ganhar hoje em três prévias
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A campanha de Hillary Clinton pela candidatura democrata à Presidência dos EUA já dá
como certa a vitória de Barack
Obama nas "Primárias do Potomac" de hoje. É quando a capital do país e os Estados vizinhos
de Maryland e Virgínia escolhem seu candidato à corrida
presidencial -Potomac é o nome do principal rio da região.
A campanha acredita também que o senador acumulará
outras pequenas vitórias até a
"mini-Superterça", no dia 4 de
março. Assim, a nova estratégia
da ex-primeira-dama é centrar
esforços nos dois principais Estados que vão às urnas naquela
data, Texas e Ohio.
Ricos em delegados (228 e
161, respectivamente), ambos
têm importante eleitorado latino e de mulheres mais velhas,
os dois pilares da candidatura
de Hillary. A decisão foi tomada
em meio à crise detonada pela
sucessão de derrotas que sofreu
e a diminuição do fluxo de doações, que anteontem custaram
a cabeça de sua ex-número 1.
O comando de Hillary pretende ainda validar os delegados obtidos por ela na Flórida
(210) e em Michigan (156), como confirmou ontem à Folha
Howard Wolfson, diretor de
Comunicação da candidata.
A senadora venceu nos dois
Estados em primárias que haviam sido previamente invalidadas pela direção nacional do
Partido Democrata -os dois
Estados anteciparam as prévias sem autorização- e nas
quais os pré-candidatos concordaram em não fazer campanha. Obama e o ex-candidato
John Edwards tiraram seu nome da votação em Michigan.
Indagado se a senadora aceitaria uma nova votação nos
dois Estados, como parece querer boa parte da direção democrata, Wolfson respondeu: "Os
eleitores já fizeram sua escolha, a Flórida contou com o
maior comparecimento na história do Estado, Michigan também, e nossa posição é que essa
vontade seja respeitada".
Sem mea culpa
Em teleconferência ontem à
tarde da qual participou também o estrategista político de
Hillary, Mark Penn, os dois recusaram comparações com a
estratégia falha de Rudolph
Giuliani, que concentrou esforços na Flórida, abrindo com isso espaço para que seus competidores crescessem nas primárias iniciais -o ex-prefeito desistiu da candidatura. "Giuliani
não venceu na Califórnia, em
Nova York, em Nova Jersey, no
Arizona e não tinha a rede sólida de apoio que tem Hillary
Clinton", afirmou Wolfson.
Penn disse ainda que sua
candidata é mais competitiva
do que Obama ante o republicano John McCain por ser a
mais preparada para agüentar a
"máquina de ataques do Partido Republicano, que vem sendo
azeitada por dez anos". Além
disso, afirmou, ela é menos vulnerável numa eventual campanha contra a suposta tibieza
dos democratas em segurança.
Em campanha ontem em
White Marsh, em Maryland, a
própria senadora tratou de diminuir a importância das vitórias de seu rival no fim de semana, quando ele levou Louisiana,
Washington (o Estado), Nebraska e Maine. "São Estados
de "caucus", e, no caso da Louisiana, um eleitorado muito forte e orgulhosamente afro-americano, o que eu respeito".
O consenso é que Obama se
sai melhor em "caucus", assembléias eleitorais em que a mobilização popular conta mais.
Ainda assim, de acordo com o
site agregador de pesquisas
"RealClearPolitics", ele está na
frente também nos Estados de
hoje, com primárias. Bate Hillary na Virgínia (54,8% a
37,5%), Maryland (54% a 33%)
e, na capital do país, sua vantagem chega a dez pontos percentuais. Em jogo estão, respectivamente, 101, 99 e 38 delegados, o que pode fazer diferença
numa corrida em que os dois
estão virtualmente empatados.
Segundo levantamento mais
recente da CNN incluindo projeções de superdelegados (leia
nesta página), Hillary tem 1.148
delegados; Obama, 1.121.
Do lado republicano, John
McCain é o favorito. O senador
do Arizona lidera a corrida por
delegados do partido, com 723,
contra 217 de Mike Huckabee.
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