São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA/ ESTRATÉGIA

Em crise, Hillary foca Texas, Ohio e recurso

Para obter candidatura democrata, senadora centra forças em Estados maiores e manobra para revalidar votações anuladas

Ex-primeira-dama sofreu derrotas consecutivas desde Superterça e trocou chefia de campanha; Obama deve ganhar hoje em três prévias

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A campanha de Hillary Clinton pela candidatura democrata à Presidência dos EUA já dá como certa a vitória de Barack Obama nas "Primárias do Potomac" de hoje. É quando a capital do país e os Estados vizinhos de Maryland e Virgínia escolhem seu candidato à corrida presidencial -Potomac é o nome do principal rio da região.
A campanha acredita também que o senador acumulará outras pequenas vitórias até a "mini-Superterça", no dia 4 de março. Assim, a nova estratégia da ex-primeira-dama é centrar esforços nos dois principais Estados que vão às urnas naquela data, Texas e Ohio.
Ricos em delegados (228 e 161, respectivamente), ambos têm importante eleitorado latino e de mulheres mais velhas, os dois pilares da candidatura de Hillary. A decisão foi tomada em meio à crise detonada pela sucessão de derrotas que sofreu e a diminuição do fluxo de doações, que anteontem custaram a cabeça de sua ex-número 1.
O comando de Hillary pretende ainda validar os delegados obtidos por ela na Flórida (210) e em Michigan (156), como confirmou ontem à Folha Howard Wolfson, diretor de Comunicação da candidata.
A senadora venceu nos dois Estados em primárias que haviam sido previamente invalidadas pela direção nacional do Partido Democrata -os dois Estados anteciparam as prévias sem autorização- e nas quais os pré-candidatos concordaram em não fazer campanha. Obama e o ex-candidato John Edwards tiraram seu nome da votação em Michigan.
Indagado se a senadora aceitaria uma nova votação nos dois Estados, como parece querer boa parte da direção democrata, Wolfson respondeu: "Os eleitores já fizeram sua escolha, a Flórida contou com o maior comparecimento na história do Estado, Michigan também, e nossa posição é que essa vontade seja respeitada".

Sem mea culpa
Em teleconferência ontem à tarde da qual participou também o estrategista político de Hillary, Mark Penn, os dois recusaram comparações com a estratégia falha de Rudolph Giuliani, que concentrou esforços na Flórida, abrindo com isso espaço para que seus competidores crescessem nas primárias iniciais -o ex-prefeito desistiu da candidatura. "Giuliani não venceu na Califórnia, em Nova York, em Nova Jersey, no Arizona e não tinha a rede sólida de apoio que tem Hillary Clinton", afirmou Wolfson.
Penn disse ainda que sua candidata é mais competitiva do que Obama ante o republicano John McCain por ser a mais preparada para agüentar a "máquina de ataques do Partido Republicano, que vem sendo azeitada por dez anos". Além disso, afirmou, ela é menos vulnerável numa eventual campanha contra a suposta tibieza dos democratas em segurança.
Em campanha ontem em White Marsh, em Maryland, a própria senadora tratou de diminuir a importância das vitórias de seu rival no fim de semana, quando ele levou Louisiana, Washington (o Estado), Nebraska e Maine. "São Estados de "caucus", e, no caso da Louisiana, um eleitorado muito forte e orgulhosamente afro-americano, o que eu respeito".
O consenso é que Obama se sai melhor em "caucus", assembléias eleitorais em que a mobilização popular conta mais. Ainda assim, de acordo com o site agregador de pesquisas "RealClearPolitics", ele está na frente também nos Estados de hoje, com primárias. Bate Hillary na Virgínia (54,8% a 37,5%), Maryland (54% a 33%) e, na capital do país, sua vantagem chega a dez pontos percentuais. Em jogo estão, respectivamente, 101, 99 e 38 delegados, o que pode fazer diferença numa corrida em que os dois estão virtualmente empatados.
Segundo levantamento mais recente da CNN incluindo projeções de superdelegados (leia nesta página), Hillary tem 1.148 delegados; Obama, 1.121.
Do lado republicano, John McCain é o favorito. O senador do Arizona lidera a corrida por delegados do partido, com 723, contra 217 de Mike Huckabee.


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