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Militares devem defender país ante "espionagem" dos EUA, diz Morales
Bolívia declara "persona non grata" diplomata denunciado por estudante
DA REDAÇÃO
O presidente Evo Morales
conclamou ontem as Forças
Armadas a defenderem a "soberania" da Bolívia diante da
"espionagem" feita pelos EUA e
declarou "persona non grata" o
funcionário da embaixada
americana em La Paz acusado
de pedir a voluntários e a um
estudante americano que colhessem informações sobre venezuelanos e cubanos no país.
"Vocês, como integrantes das
Forças Armadas, têm a obrigação de fazer respeitar a soberania do nosso povo [...] Não é
porque somos um país pobre
que algumas pessoas de algumas embaixadas podem nos
mandar espiões", disse Morales
em um ato em Cochabamba.
O presidente reage a denúncia ao governo feita pelo estudante americano Alex van
Schaick, 23, que disse ter recebido instruções do conselheiro
de Segurança da Embaixada
dos EUA, Vicent Cooper, em
novembro, para anotar nomes
e endereços de cubanos e venezuelanos que encontrasse durante seu período na Bolívia.
As mesmas instruções foram
passadas por Cooper a um grupo de voluntários do Peace
Corps, agência humanitária do
governo dos EUA, em julho.
Morales afirmou que Cooper
é "persona non grata" no país
porque "não só violou o direito
de seus cidadãos, como violou,
ofendeu e agrediu uma nação."
Erro e repetição
Cooper não está na Bolívia,
segundo a embaixada americana em La Paz, que informou
que o funcionário foi chamado
a Washington para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Em nota anteontem, a embaixada admitiu que o conselheiro havia feito uma "sugestão inapropriada" aos voluntários do Peace Corps em julho,
mas negou que se tratasse de
recrutamento para atividades
de espionagem.
Ontem, o assessor de imprensa, Eric Watnik, disse que,
por "um erro", Cooper fez aos
voluntários uma palestra destinada ao público interno. À época, o chefe dos voluntários reclamou formalmente da orientação recebida.
Quanto ao estudante
Schaick, a embaixada lamentou
que ele não tenha comentado o
problema com a representação
americana. Em entrevista à radio independente americana
"Democracy Now", Schaick
disse que se sentiu "no dever"
de contar o ocorrido porque
não se trata de um caso isolado,
já que Cooper deveria ter sido
repreendido em julho.
"Quatro meses depois, aqui
estou eu, e a mesma coisa acontece comigo. Agora a reação é
muito parecida: "foi um erro'",
disse ele, que é bolsista da americana Fundação Fulbright.
O episódio piora a já tensa relação Bolívia-EUA no momento em que o país andino tenta
obter a renovação de um programa de facilidades de acesso
ao mercado americano, que expira no final deste mês.
Morales -aliado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e do ditador cubano convalescente, Fidel Castro- costuma acusar em discursos a representação americana de
apoiar logística e financeiramente opositores no país. A
embaixada dos EUA raramente
responde às acusações.
Com agências internacionais
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