São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Militares devem defender país ante "espionagem" dos EUA, diz Morales

Bolívia declara "persona non grata" diplomata denunciado por estudante

DA REDAÇÃO

O presidente Evo Morales conclamou ontem as Forças Armadas a defenderem a "soberania" da Bolívia diante da "espionagem" feita pelos EUA e declarou "persona non grata" o funcionário da embaixada americana em La Paz acusado de pedir a voluntários e a um estudante americano que colhessem informações sobre venezuelanos e cubanos no país.
"Vocês, como integrantes das Forças Armadas, têm a obrigação de fazer respeitar a soberania do nosso povo [...] Não é porque somos um país pobre que algumas pessoas de algumas embaixadas podem nos mandar espiões", disse Morales em um ato em Cochabamba.
O presidente reage a denúncia ao governo feita pelo estudante americano Alex van Schaick, 23, que disse ter recebido instruções do conselheiro de Segurança da Embaixada dos EUA, Vicent Cooper, em novembro, para anotar nomes e endereços de cubanos e venezuelanos que encontrasse durante seu período na Bolívia.
As mesmas instruções foram passadas por Cooper a um grupo de voluntários do Peace Corps, agência humanitária do governo dos EUA, em julho.
Morales afirmou que Cooper é "persona non grata" no país porque "não só violou o direito de seus cidadãos, como violou, ofendeu e agrediu uma nação."

Erro e repetição
Cooper não está na Bolívia, segundo a embaixada americana em La Paz, que informou que o funcionário foi chamado a Washington para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Em nota anteontem, a embaixada admitiu que o conselheiro havia feito uma "sugestão inapropriada" aos voluntários do Peace Corps em julho, mas negou que se tratasse de recrutamento para atividades de espionagem.
Ontem, o assessor de imprensa, Eric Watnik, disse que, por "um erro", Cooper fez aos voluntários uma palestra destinada ao público interno. À época, o chefe dos voluntários reclamou formalmente da orientação recebida.
Quanto ao estudante Schaick, a embaixada lamentou que ele não tenha comentado o problema com a representação americana. Em entrevista à radio independente americana "Democracy Now", Schaick disse que se sentiu "no dever" de contar o ocorrido porque não se trata de um caso isolado, já que Cooper deveria ter sido repreendido em julho.
"Quatro meses depois, aqui estou eu, e a mesma coisa acontece comigo. Agora a reação é muito parecida: "foi um erro'", disse ele, que é bolsista da americana Fundação Fulbright.
O episódio piora a já tensa relação Bolívia-EUA no momento em que o país andino tenta obter a renovação de um programa de facilidades de acesso ao mercado americano, que expira no final deste mês.
Morales -aliado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e do ditador cubano convalescente, Fidel Castro- costuma acusar em discursos a representação americana de apoiar logística e financeiramente opositores no país. A embaixada dos EUA raramente responde às acusações.


Com agências internacionais


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