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Impasse amplia críticas a sistema eleitoral
DO ENVIADO A JERUSALÉM
No chuvoso dia seguinte à
eleição em Israel, dois jovens
começavam a retirar uma enorme faixa do partido Likud de
um cruzamento em Jerusalém,
a poucos metros da residência
do primeiro-ministro. Um idoso que passava pelo local não
resistiu: "Melhor deixar a faixa
no mesmo lugar", disse aos jovens. "Em breve teremos eleições de novo."
A sensação de que a próxima
coalizão de governo não se sustentará por muito tempo se
juntava ontem à pressão para
que o sistema eleitoral que gera
essa instabilidade seja finalmente modificado. Nos discursos feitos logo após a eleição de
terça-feira, 3 dos 4 maiores
partidos ressaltaram a urgência
de uma reforma.
Para formar um governo, um
partido precisa ter apoio de ao
menos 61 dos 120 deputados.
Desde a primeira eleição israelense, em 1949, nenhuma legenda conseguiu governar sem
formar coalizões. Mas com um
número de deputados maior,
era mais fácil para o partido dominante montar um governo.
A crescente pulverização do
sistema partidário transformou em um árduo quebra-cabeças a tarefa de construir uma
coalizão. Segundo a lei eleitoral, qualquer partido que atinja
2% dos votos ganha representação no Parlamento -12 siglas
superaram essa barreira nas
eleições de anteontem.
Aumentar a exigência mínima para a entrada no Parlamento é a primeira medida defendida por quem espera uma
mudança no sistema. "Precisamos chegar a uma realidade de
sete partidos no máximo", disse ontem o professor Arye Carmon, presidente do Instituto
da Democracia de Israel, que
está lançando uma campanha
popular em favor da reforma.
Outra mudança que será defendida na campanha é que o
partido com o maior número
de votos automaticamente seja
o líder do governo. Isso evitaria
o impasse surgido na eleição de
terça-feira, em que o Kadima
de Tzipi Livni terminou na
frente, mas terá dificuldades
para montar um governo porque a maioria do Parlamento
está alinhada com o Likud, segundo colocado.
"É preciso mudar a realidade
em que Israel acorda no dia seguinte à eleição sem saber
quem ganhou", diz Carmon.
Não seria a primeira vez que
Israel muda seu sistema eleitoral. Em 1996, o Parlamento
aprovou a adoção de eleição direita para premiê. Ela foi abandonada cinco anos e três votações depois, sem alcançar a desejada estabilidade.
Um dos maiores defensores
da reforma eleitoral é o partido
Israel Beitenu, que se transformou no fiel da balança para a
formação da próxima coalizão.
Avigdor Liberman, líder do
partido, disse que uma das condições para aderir a uma coalizão será a mudança do sistema,
para acabar com a chantagem
dos pequenos partidos.
Acusado de fascista e antidemocrático devido a seus ataques à minoria árabe em Israel,
o partido de Liberman ganhou
elogios pela iniciativa. "Se Liberman conseguir o que quer, o
Israel Beitenu terá dado uma
enorme contribuição à estabilidade da democracia israelense", disse o comentarista Yaron
London, do Canal 10.
(MN)
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