São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

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Livni aposta em estilo duro para superar machismo

DO ENVIADO A JERUSALÉM

Tzipi Livni chegou perto, mas talvez não consiga se tornar a segunda mulher na história a chefiar o governo de Israel, depois de Golda Meir (1969-1974). Uma sensação de orgulho e frustração predominava ontem entre aquelas que esperavam uma mudança de estilo para quebrar a hegemonia dos homens no poder do país.
A questão do gênero marcou de forma subliminar a disputa entre Livni e seu principal rival, Binyamin Netanyahu. O partido deste, o Likud, insinuou num anúncio que uma mulher não seria capaz de encarar o desafio de governar Israel. "O cargo é grande demais para ela."
Para a presidente do Conselho Internacional da Mulher Judia, Leah Aharonov, a vitória mostrou que a tentativa de usar o gênero para desqualificar Livni teve o efeito contrário: muitas mulheres votaram nela como protesto à discriminação.
Embora ainda haja "um longo caminho" para que exista igualdade entre homens e mulheres, lembra Aharonov, há motivo para comemorar, mesmo que Livni não se torne premiê. "É um grande passo nessa luta. Sempre defendemos que é preciso ter mais mulheres em posições de liderança."
A campanha de Livni foi marcada por uma ambiguidade calculada em relação ao "fator mulher". Num país em que demonstrar fraqueza pode ser fatal, a chanceler fez questão de mostrar seu lado duro como parte do triunvirato que comandou a ofensiva em Gaza.
Ao mesmo tempo, seu comitê de campanha organizava eventos com mulheres e tentava repetir a fórmula do sucesso de Barack Obama nos EUA, juntando o apelo da minoria à esperança. Num de seus cartazes eleitorais, uma pintura estilizada do rosto de Livni é acompanhada do trocadilho "Belivni" (acredite em inglês, com o nome de Livni embutido).
Seu estilo é direto, ela raramente usa saias e muitos a criticam por se igualar na agressividade aos homens israelenses, mas talvez essa seja a forma de vencer uma eleição em Israel.
Ficou famosa a frase dita por David Ben Gurion, o premiê fundador de Israel, sobre Golda Meir, quando ela era ministra de seu governo: "É o único homem do meu gabinete". Era um elogio. (MN)


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