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Livni aposta em estilo duro para superar machismo
DO ENVIADO A JERUSALÉM
Tzipi Livni chegou perto,
mas talvez não consiga se tornar a segunda mulher na história a chefiar o governo de Israel,
depois de Golda Meir (1969-1974). Uma sensação de orgulho e frustração predominava
ontem entre aquelas que esperavam uma mudança de estilo
para quebrar a hegemonia dos
homens no poder do país.
A questão do gênero marcou
de forma subliminar a disputa
entre Livni e seu principal rival,
Binyamin Netanyahu. O partido deste, o Likud, insinuou
num anúncio que uma mulher
não seria capaz de encarar o desafio de governar Israel. "O cargo é grande demais para ela."
Para a presidente do Conselho Internacional da Mulher
Judia, Leah Aharonov, a vitória
mostrou que a tentativa de usar
o gênero para desqualificar Livni teve o efeito contrário: muitas mulheres votaram nela como protesto à discriminação.
Embora ainda haja "um longo caminho" para que exista
igualdade entre homens e mulheres, lembra Aharonov, há
motivo para comemorar, mesmo que Livni não se torne premiê. "É um grande passo nessa
luta. Sempre defendemos que é
preciso ter mais mulheres em
posições de liderança."
A campanha de Livni foi
marcada por uma ambiguidade
calculada em relação ao "fator
mulher". Num país em que demonstrar fraqueza pode ser fatal, a chanceler fez questão de
mostrar seu lado duro como
parte do triunvirato que comandou a ofensiva em Gaza.
Ao mesmo tempo, seu comitê
de campanha organizava eventos com mulheres e tentava repetir a fórmula do sucesso de
Barack Obama nos EUA, juntando o apelo da minoria à esperança. Num de seus cartazes
eleitorais, uma pintura estilizada do rosto de Livni é acompanhada do trocadilho "Belivni"
(acredite em inglês, com o nome de Livni embutido).
Seu estilo é direto, ela raramente usa saias e muitos a criticam por se igualar na agressividade aos homens israelenses,
mas talvez essa seja a forma de
vencer uma eleição em Israel.
Ficou famosa a frase dita por
David Ben Gurion, o premiê
fundador de Israel, sobre Golda
Meir, quando ela era ministra
de seu governo: "É o único homem do meu gabinete". Era um
elogio.
(MN)
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