São Paulo, sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

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Forças iranianas sufocam protestos antirregime

DA REDAÇÃO

Paralelamente às manifestações oficiais em comemoração ao 31º aniversário da República Islâmica, novos confrontos entre forças de segurança e manifestantes antirregime foram registrados por sites reformistas na capital, Teerã, e no interior.
Segundo relatos sem confirmação independente -a imprensa estrangeira só foi autorizada a cobrir os atos oficiais-, policiais e a milícia Basij recorreram a bombas de gás lacrimogêneo e munição não letal para dispersar opositores que tentavam, sem sucesso, reeditar os protestos em massa deflagrados após a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Grupos na casa das "centenas" de pessoas -à diferença das milhares reunidas em protestos nos últimos meses- foram impedidos de chegar às principais praças para ecoar cânticos de "morte ao ditador". Dezenas, ainda de acordo com sites opositores, foram presos.
Entre os detidos, horas mais tarde liberados, estariam uma neta do aiatolá Ruhollah Khomeini, líder da revolução de 1979, e o marido, irmão do ex-presidente reformista Mohammad Khatami (1997-2005).
A mulher do líder opositor e candidato derrotado na eleição de junho Mir Hossein Mousavi foi, segundo os relatos, atacada por governistas, assim como o próprio Khatami e o carro do também candidato derrotado Mehdi Karroubi, que teria sido obrigado a retornar para casa.
"Nós não conseguimos nos reunir em um único lugar porque [as forças de segurança] foram muito violentas", disse um opositor à agência Associated Press. "Éramos 300, no máximo 500, contra 10 mil" nos atos em apoio ao governo e ao regime, disse outra manifestante.
A onda de protestos deflagrada em junho teve como estopim as suspeitas de fraude na eleição, mas acabou se transformando em uma demonstração de insatisfação com o regime -mas não contra o programa nuclear, apoiado pelos principais líderes oposicionistas.
Nas últimas semanas, Teerã já vinha emitindo sinais de recrudescimento no cerco aos opositores e advertindo que não mais toleraria o uso, por manifestantes antirregime, de datas de celebrações religiosas ou nacionais para realizar protestos -como vinha ocorrendo.
No fim de janeiro, a execução dos dois primeiros opositores julgados após o pleito de junho -e a condenação de outros ao menos dez à morte- foi considerada um alerta à oposição.
Anteontem, Teerã anunciou também a suspensão do serviço de e-mail do Google -que, juntamente com outros programas na internet, serviu de ferramenta pela oposição. A Casa Branca disse que o Irã "tenta promover o bloqueio total de informação" e manifestou apoio aos manifestantes.

Com agências internacionais



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