São Paulo, Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 1999
Próximo Texto | Índice

PÓS-IMPEACHMENT
Meta é tirar maioria republicana no Congresso; republicanos já admitem derrota em votação hoje no Senado
Clinton prepara revanche política

MARCELO DIEGO
de Nova York

O presidente dos EUA, Bill Clinton, 52, que deve ser confirmado no cargo até janeiro de 2001, com a não aprovação do impeachment no Senado hoje, vai dedicar os próximos dois anos a tentar devolver aos democratas a maioria no Congresso.
Os republicanos (oposicionistas) controlam hoje a Câmara dos Representantes -223 cadeiras a 211- e o Senado -55 a 45.
O porta-voz da Presidência, Joe Lockhart, disse que o presidente vai "trabalhar vigorosamente" no objetivo, mas negou que ele estivesse relacionado com o processo de impeachment. "É uma meta política."
Os republicanos foram os principais adversários de Clinton em todo o processo, e o presidente os culpa por ter levado o impeachment tão longe.
Segundo o jornal "The New York Times", o objetivo principal do presidente seria impedir que os 13 representantes que trabalharam como promotores de acusação no Senado sejam reeleitos no ano 2000. A informação foi atribuída a assessores presidenciais e negada por Lockhart. "Seria uma estratégia boba. Seremos mais espertos do que isso", afirmou.
O líder republicano no Senado, Trent Lott, reagiu e acusou o presidente de "usar o impeachment com propósitos de vingança".
A votação do impeachment acontecerá hoje, por volta das 14h (horário de Brasília).
Desde terça-feira, cada 1 dos 100 senadores vem fazendo suas considerações finais por 15 minutos. As sessões estão fechadas ao público. A votação será aberta.
A remoção do presidente requer dois terços dos votos dos senadores presentes.
Os republicanos admitem que a hipótese é difícil e buscam a maioria simples dos votos em ambos os artigos de impeachment para mostrar que "moralmente o presidente foi condenado", nas palavras do senador Richard Shelby.
A moção de censura também será apresentada em plenário, mas também deve falhar.
O democrata Joseph Lieberman propôs ontem uma alternativa à censura. Sem necessidade de votar em plenário, os senadores preparariam uma declaração condenando as atitudes de Clinton. A declaração iria circular pelo Senado, como um abaixo-assinado, e seria enviada ao presidente.
Clinton é o segundo presidente dos EUA a ter um impeachment julgado pelo Senado. O primeiro foi Andrew Johnson, em 1868, que se livrou por um voto.
Clinton é acusado de obstrução à Justiça e de ter cometido falso testemunho frente a um júri de inquérito. O presidente foi investigado por seu envolvimento amoroso com a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky, 25.
Até ontem, três senadores republicanos (James Jeffords, Arlen Specter e John Chafee) haviam declarado que vão votar contra o impeachment de Clinton.
O presidente se encontrou ontem com o premiê alemão Gerhard Schroeder na Casa Branca, mas não deu declarações.


Próximo Texto: Itália: Para Justiça, mulher com jeans não sofre estupro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.