do "Corriere della Sera"

"É vergonhoso uma condenação por estupro depender de um par de jeans." Essa foi a reação da atriz italiana Franca Rame, mulher do escritor Dario Fo (Nobel de Literatura em 1997), à decisão judicial.
Rame foi torturada e violentada por policiais em 1973, em Milão (norte do país). Leia abaixo os principais trechos da entrevista que ela concedeu.
Pergunta - O juízes dizem que se uma mulher se opuser com todas as suas forças...
Franca Rame - Esses juízes deveriam experimentar ter uma filha ou a mulher estuprada para que depois elas contassem a eles como se tira a roupa nesses casos.
Há muitos modos de despir uma mulher: imobilizando-a, ameaçando-a, atordoando-a com um soco na cabeça. Se eles quiserem uma demonstração prática, vou eu mesma.
Pergunta - Os juízes dizem que é ilógico pensar que se possa sofrer passivamente essa violência tremenda por medo de represálias físicas.
Rame - Bobagem. Pergunte a uma mulher que foi sequestrada ou que teve um filho morto.
Pergunta - Que efeitos terá essa sentença?
Rame - Se, apesar da lei que pune o estuprador, as denúncias ainda são poucas, agora diminuirão ainda mais. Pode acontecer com você como nesse caso: os juízes lhe dizerem para não mentir, pois no fundo você gostou, já que até ajudou o estuprador a tirar a sua roupa.
Pergunta - O que as mulheres podem fazer?
Rame - Rebelar-se. Nos EUA, em três dias de campanha, elas reduziram o preço do leite. Nós, italianas, devemos exigir a revogação dessa sentença, que nos ofende profundamente.


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