São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2008

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Caracas detém suposto guerrilheiro

Cooperação com Bogotá ocorre dias depois de Uribe ter acusado Chávez de entregar dinheiro às Farc

Equipe da Interpol chega à Colômbia para analisar conteúdo do computador da guerrilha apreendido no acompamento atacado

DA REDAÇÃO

A Venezuela anunciou ontem que está investigando a identidade de um colombiano ferido a bala encontrado na fronteira entre os países. Autoridades do país dizem suspeitar que ele seja um guerrilheiro ou paramilitar.
A imprensa local chegou a cogitar que o ferido, que se internou numa clínica privada de Rubio (670 km a oeste de Caracas) no sábado passado, levado por um acompanhante, fosse Milton de Jesús Toncel. Também conhecido como "Joaquín Gómez", Toncel foi designado pela guerrilha para ocupar o posto de Raúl Reyes, o número dois das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), morto por ataque colombiano no Equador em 1º de março.
Mas, no fim do dia, militares descartaram a hipótese, exibindo na TV a imagem do homem ferido, sob custódia venezuelana, e fotos de "Joaquín Gómez".
Segundo o general Jesús González, chefe do Comando Operacional das Forças Armadas venezuelanas, tanto o acompanhante -cuja identidade também está sendo investigada- como o homem ferido apresentaram documentos falsos aos médicos e depois admitiram ser colombianos. A agência oficial de notícias venezuelana ABN informou que impressões digitais dos dois foram encaminhadas à Colômbia.
O gesto ostensivo de colaboração com a Colômbia, raro na relação recente entre os dois países quanto a temas de segurança, ocorre dias depois de o presidente colombiano, Álvaro Uribe, ter acusado o colega Hugo Chávez de ter entregue US$ 300 milhões às Farc. Uribe se baseava em documentos que, segundo ele, foram encontrados num computador de Reyes.
Na segunda-feira, os Estados Unidos, aliados da Colômbia, anunciaram que, com base nesses documentos, estavam cogitando incluir a Venezuela na lista americana dos países que patrocinam o terrorismo. "É um despropósito", reagiu ontem Jorge Valero, vice-chanceler da Venezuela para a América do Norte.
Ontem chegou a Bogotá uma equipe da Interpol que analisará os três computadores apreendidos pelo governo colombiano no acampamento das Farc atacado. Segundo Bogotá, documentos nos computadores revelam laços da guerrilha com os governos da Venezuela e do Equador. Chávez e o equatoriano Rafael Correa afirmam que os contatos visavam a libertação de reféns do grupo.

Visita da OEA
A comissão da OEA que investiga o ataque de 1º de março esteve ontem na Colômbia. Chefiada pelo secretário-geral da entidade, José Miguel Insulza, ela foi levada por membros do governo colombiano à zona fronteiriça com o Equador, no departamento de Putumayo, de onde partiu a ação militar.
Vinda do Equador, onde visitou o acampamento atacado, a comissão -composta também por representantes de Brasil, Panamá, Bahamas, Peru e Argentina- receberia informações colombianas sobre a ação, além de sobrevoar áreas de erradicação de plantações de coca -o Equador alega que os herbicidas usados ameaçam a saúde de sua população.
A comissão da OEA produzirá um relatório a ser analisado pelos chanceleres da entidade, no próximo dia 17, com "opiniões sobre normas jurídicas que foram violadas", segundo Insulza.


Com agências internacionais


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