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FRONT INTERNO
Saddam não governa mais e militares decidirão quando encerrar o ataque, diz ele
Bush promete manter guerra ao terror
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O presidente norte-americano,
George W. Bush, disse ontem que
a "prioridade" dos EUA continua
sendo a guerra contra o terrorismo. "Vamos continuar perseguindo esse objetivo."
Bush afirmou que Saddam Hussein "não está mais no poder" no
Iraque, mas que o fim da guerra
"será determinado" pelo general
Tommy Franks, chefe do Comando Central na região e que ontem
estava supervisionando operações no Afeganistão.
Bush voltou a falar da Síria, afirmando que "espera a cooperação" do país para que membros
do governo de Saddam "que fugiram para lá, sejam mandados de
volta" ao Iraque. Descontraído e
de bom humor, o presidente visitou dois hospitais na região de
Washington que estão tratando
soldados feridos no Iraque.
A contabilidade do Pentágono
indicava ontem que 343 americanos foram feridos em combates
na região, 107 morreram, dez estão desaparecidos e há outros sete
que estavam sendo mantidos prisioneiros por forças de Saddam.
Bush elogiou o plano militar de
Franks e tripudiou sobre a cobertura da mídia: "O maravilhoso em
relação à liberdade de expressão e
ao fato de termos várias redes de
TV é que temos muitas opiniões
diferentes. Algumas estavam certas e outras, erradas".
Segundo Bush, a vitória no Iraque fará "do mundo um lugar
mais pacífico. Vamos libertar o
povo iraquiano e limpar o país de
armas de destruição em massa".
Depois da visita aos hospitais,
Bush foi para Camp David, a casa
de campo da Presidência dos
EUA, onde deveria passar o final
de semana.
Desde o início da guerra, o presidente foi todos os finais de semana para Camp David também
com o objetivo de evitar protestos
em Washington. Neste fim de semana, a capital americana deverá
ter uma nova onda de manifestantes -contra a guerra, que praticamente já acabou, e contra o
FMI (Fundo Monetário Internacional), que encerra a sua reunião
anual de primavera amanhã.
No Pentágono, o secretário da
Defesa, Donald Rumsfeld, esquivou-se de várias perguntas sobre
o fato de os americanos não terem
encontrado ainda vestígios de armas químicas no Iraque.
"É um grande país", disse
Rumsfeld. "Nós vamos encontrar
as pessoas que nos levem às informações de que precisamos".
O secretário de Defesa também
disse não conhecer o paradeiro de
Saddam. "Não tenho nenhuma
convicção em relação a isso", disse ele.
A entrevista de Rumsfeld foi recheada de comentários espirituosos do secretário, que chegaram a
provocar gargalhadas.
"Peguei os jornais hoje de manhã e vi nas manchetes coisas incríveis: "caos", "saques", "desordem". O que é isso? Estamos falando de um país que acaba de ser libertado", disse, ao gritos.
Considerado o maior vencedor
na administração Bush depois de
um final rápido para o regime de
Saddam, Rumsfeld afirmou também que as redes de televisão estavam "repetindo muito" as imagens de saques em Bagdá. Ele procurou minimizar o fato e demostrar que tem o controle da situação: "Coisas acontecem. É um período de transição. Onde os militares vêem os saques, eles tentam impedir", disse.
Rumsfeld afirmou que mais soldados estão sendo encaminhados
para Bagdá para aumentar a segurança da cidade.
"Não podemos apoiar esse tipo
de coisa, mas podemos entender
o sentimento que resulta de décadas de repressão", disse Rumsfeld, salientando que boa parte
dos saques em Bagdá e em outras
cidades iraquianas estão sendo
dirigidos a edifícios e escritórios
do governo deposto de Saddam
Hussein.
"Mas está ficando claro que os
iraquianos estão nos vendo não
como invasores, mas como libertadores", disse Rumsfeld.
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