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São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

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FRONT INTERNO

Saddam não governa mais e militares decidirão quando encerrar o ataque, diz ele

Bush promete manter guerra ao terror

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O presidente norte-americano, George W. Bush, disse ontem que a "prioridade" dos EUA continua sendo a guerra contra o terrorismo. "Vamos continuar perseguindo esse objetivo."
Bush afirmou que Saddam Hussein "não está mais no poder" no Iraque, mas que o fim da guerra "será determinado" pelo general Tommy Franks, chefe do Comando Central na região e que ontem estava supervisionando operações no Afeganistão.
Bush voltou a falar da Síria, afirmando que "espera a cooperação" do país para que membros do governo de Saddam "que fugiram para lá, sejam mandados de volta" ao Iraque. Descontraído e de bom humor, o presidente visitou dois hospitais na região de Washington que estão tratando soldados feridos no Iraque.
A contabilidade do Pentágono indicava ontem que 343 americanos foram feridos em combates na região, 107 morreram, dez estão desaparecidos e há outros sete que estavam sendo mantidos prisioneiros por forças de Saddam.
Bush elogiou o plano militar de Franks e tripudiou sobre a cobertura da mídia: "O maravilhoso em relação à liberdade de expressão e ao fato de termos várias redes de TV é que temos muitas opiniões diferentes. Algumas estavam certas e outras, erradas".
Segundo Bush, a vitória no Iraque fará "do mundo um lugar mais pacífico. Vamos libertar o povo iraquiano e limpar o país de armas de destruição em massa".
Depois da visita aos hospitais, Bush foi para Camp David, a casa de campo da Presidência dos EUA, onde deveria passar o final de semana.
Desde o início da guerra, o presidente foi todos os finais de semana para Camp David também com o objetivo de evitar protestos em Washington. Neste fim de semana, a capital americana deverá ter uma nova onda de manifestantes -contra a guerra, que praticamente já acabou, e contra o FMI (Fundo Monetário Internacional), que encerra a sua reunião anual de primavera amanhã.
No Pentágono, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, esquivou-se de várias perguntas sobre o fato de os americanos não terem encontrado ainda vestígios de armas químicas no Iraque.
"É um grande país", disse Rumsfeld. "Nós vamos encontrar as pessoas que nos levem às informações de que precisamos".
O secretário de Defesa também disse não conhecer o paradeiro de Saddam. "Não tenho nenhuma convicção em relação a isso", disse ele.
A entrevista de Rumsfeld foi recheada de comentários espirituosos do secretário, que chegaram a provocar gargalhadas.
"Peguei os jornais hoje de manhã e vi nas manchetes coisas incríveis: "caos", "saques", "desordem". O que é isso? Estamos falando de um país que acaba de ser libertado", disse, ao gritos.
Considerado o maior vencedor na administração Bush depois de um final rápido para o regime de Saddam, Rumsfeld afirmou também que as redes de televisão estavam "repetindo muito" as imagens de saques em Bagdá. Ele procurou minimizar o fato e demostrar que tem o controle da situação: "Coisas acontecem. É um período de transição. Onde os militares vêem os saques, eles tentam impedir", disse.
Rumsfeld afirmou que mais soldados estão sendo encaminhados para Bagdá para aumentar a segurança da cidade.
"Não podemos apoiar esse tipo de coisa, mas podemos entender o sentimento que resulta de décadas de repressão", disse Rumsfeld, salientando que boa parte dos saques em Bagdá e em outras cidades iraquianas estão sendo dirigidos a edifícios e escritórios do governo deposto de Saddam Hussein.
"Mas está ficando claro que os iraquianos estão nos vendo não como invasores, mas como libertadores", disse Rumsfeld.


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