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PÓS-GUERRA
Garner diz que Iraque pode voltar a ser "jóia" do Oriente Médio e se reúne com líderes
Administrador dos EUA chega ao país
DA REDAÇÃO
No primeiro passo efetivo para
a implantação de uma administração civil em Bagdá sob tutela
americana, o general da reserva
dos EUA Jay Garner chegou ao
Iraque ontem e declarou ter convicção de que o país que comandará nos próximos meses voltará
a ser "a jóia do Oriente Médio".
Garner, 64, que foi indicado pela Casa Branca e vai se reportar ao
general Tommy Franks (chefe do
Comando Central), se reuniu ontem com líderes locais na cidade
de Umm Qasr, no sul do país. Foi
o primeiro compromisso do militar no Iraque desde que assumiu o
Escritório para a Reconstrução e a
Assistência Humanitária (Erah)
há algumas semanas.
Em suas primeiras declarações
ao chegar, o general disse que a
segurança no Iraque após a derrubada de Saddam Hussein "está
melhorando" -apesar da anarquia em várias cidades tomadas
pela coalizão anglo-americana-
e que logo os iraquianos terão
condições de administrar o país.
"Nós vamos colocá-los no caminho certo para que então eles controlem suas próprias vidas", disse
Garner. "Este é um país vibrante,
com uma população educada,
que já foi a jóia do Oriente Médio
uma vez e pode voltar a sê-lo."
Garner afirmou que viajará para
Bagdá "assim que eles [a Casa
Branca] autorizarem". E enfatizou que sua prioridade é organizar a ajuda humanitária e identificar líderes locais que possam iniciar a reconstrução do Iraque.
Reunião com oposição
Na próxima terça-feira, Garner
deve se reunir em Nassiriah (sul)
com dirigentes da oposição iraquiana doméstica e no exílio, para
discutir o governo interino.
Segundo o Congresso Nacional
Iraquiano, principal grupo de
oposição, a reunião é a primeira
de uma série que culminaria com
uma "conferência nacional".
A delegação americana -dirigida pelo representante da Casa
Branca junto à oposição iraquiana, Zalmay Khalizad, e por Ryan
Crocker, subsecretário-adjunto
de Estado para o Oriente Médio- vai se concentrar nos "princípios nos quais o futuro governo
iraquiano poderá ser baseado".
O presidente George W. Bush
declarou que não quer que os
EUA permaneçam no Iraque por
mais tempo do que o necessário.
Ministérios paralelos
Em Washington, o subsecretário da Defesa, Paul Wolfowitz,
afirmou que o Pentágono planeja
ter ministérios paralelos administrados por americanos e iraquianos para que as responsabilidades
se transfiram gradualmente dos
primeiros para os segundos.
O subsecretário não disse quanto tempo levará o processo, mas
afirmou que na próxima semana
o governo americano começará a
recrutar líderes civis iraquianos
para os cargos administrativos.
Ainda há dúvidas sobre como a
equipe de Garner, com cerca de
200 pessoas, trabalhará. O general
e Khalilzad -ambos ligados à indústria petroleira- foram recebidos negativamente por parte da
oposição iraquiana.
Outro ponto em aberto é a participação da ONU, da qual depende a ajuda de outros países na reconstrução. Na quinta-feira, o secretário do Tesouro dos EUA,
John Snow, sondou seus pares no
G-7 (grupo dos países mais ricos
do mundo) sobre a criação de um
fundo para reconstruir o Iraque.
Segundo estimativas preliminares, o processo custará pelo menos US$ 100 bilhões, bem acima
da receita da exportação do petróleo iraquiano, que os EUA prometem reverter na reconstrução.
O Banco Mundial e o FMI se
prontificaram a ajudar, contanto
que sua ação seja legitimada pela
comunidade internacional
-questão complicada, já que os
países contrários à guerra temem
que seu envolvimento seja usado
pelos EUA como endosso à ação.
Com agências internacionais
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