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São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

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PÓS-GUERRA

Garner diz que Iraque pode voltar a ser "jóia" do Oriente Médio e se reúne com líderes

Administrador dos EUA chega ao país

DA REDAÇÃO

No primeiro passo efetivo para a implantação de uma administração civil em Bagdá sob tutela americana, o general da reserva dos EUA Jay Garner chegou ao Iraque ontem e declarou ter convicção de que o país que comandará nos próximos meses voltará a ser "a jóia do Oriente Médio".
Garner, 64, que foi indicado pela Casa Branca e vai se reportar ao general Tommy Franks (chefe do Comando Central), se reuniu ontem com líderes locais na cidade de Umm Qasr, no sul do país. Foi o primeiro compromisso do militar no Iraque desde que assumiu o Escritório para a Reconstrução e a Assistência Humanitária (Erah) há algumas semanas.
Em suas primeiras declarações ao chegar, o general disse que a segurança no Iraque após a derrubada de Saddam Hussein "está melhorando" -apesar da anarquia em várias cidades tomadas pela coalizão anglo-americana- e que logo os iraquianos terão condições de administrar o país.
"Nós vamos colocá-los no caminho certo para que então eles controlem suas próprias vidas", disse Garner. "Este é um país vibrante, com uma população educada, que já foi a jóia do Oriente Médio uma vez e pode voltar a sê-lo."
Garner afirmou que viajará para Bagdá "assim que eles [a Casa Branca] autorizarem". E enfatizou que sua prioridade é organizar a ajuda humanitária e identificar líderes locais que possam iniciar a reconstrução do Iraque.

Reunião com oposição
Na próxima terça-feira, Garner deve se reunir em Nassiriah (sul) com dirigentes da oposição iraquiana doméstica e no exílio, para discutir o governo interino.
Segundo o Congresso Nacional Iraquiano, principal grupo de oposição, a reunião é a primeira de uma série que culminaria com uma "conferência nacional".
A delegação americana -dirigida pelo representante da Casa Branca junto à oposição iraquiana, Zalmay Khalizad, e por Ryan Crocker, subsecretário-adjunto de Estado para o Oriente Médio- vai se concentrar nos "princípios nos quais o futuro governo iraquiano poderá ser baseado".
O presidente George W. Bush declarou que não quer que os EUA permaneçam no Iraque por mais tempo do que o necessário.

Ministérios paralelos
Em Washington, o subsecretário da Defesa, Paul Wolfowitz, afirmou que o Pentágono planeja ter ministérios paralelos administrados por americanos e iraquianos para que as responsabilidades se transfiram gradualmente dos primeiros para os segundos.
O subsecretário não disse quanto tempo levará o processo, mas afirmou que na próxima semana o governo americano começará a recrutar líderes civis iraquianos para os cargos administrativos.
Ainda há dúvidas sobre como a equipe de Garner, com cerca de 200 pessoas, trabalhará. O general e Khalilzad -ambos ligados à indústria petroleira- foram recebidos negativamente por parte da oposição iraquiana.
Outro ponto em aberto é a participação da ONU, da qual depende a ajuda de outros países na reconstrução. Na quinta-feira, o secretário do Tesouro dos EUA, John Snow, sondou seus pares no G-7 (grupo dos países mais ricos do mundo) sobre a criação de um fundo para reconstruir o Iraque.
Segundo estimativas preliminares, o processo custará pelo menos US$ 100 bilhões, bem acima da receita da exportação do petróleo iraquiano, que os EUA prometem reverter na reconstrução.
O Banco Mundial e o FMI se prontificaram a ajudar, contanto que sua ação seja legitimada pela comunidade internacional -questão complicada, já que os países contrários à guerra temem que seu envolvimento seja usado pelos EUA como endosso à ação.


Com agências internacionais


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