São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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Mortos em Fallujah podem chegar a 600; trégua é estendida até hoje

DA REDAÇÃO

A trégua proposta pelas forças de ocupação dos EUA aos insurgentes sunitas de Fallujah (50 km a oeste de Bagdá) foi relativamente respeitada durante o dia de ontem e dura pelo menos até hoje.
O diretor de um hospital local disse que eram 600 os mortos iraquianos na cidade de 200 mil habitantes, desde que, há uma semana, os EUA cercaram Fallujah para caçar os responsáveis pela morte, em 31 de março, seguida de mutilação e queima de cadáveres, de quatro civis americanos.
Rafie Issawi, diretor do Hospital Geral de Fallujah, disse à Associated Press que ele e sua equipe chegaram ao número de 600 mortos por meio de um levantamento dos cadáveres contabilizados em todas as clínicas da cidade.
Até quarta-feira, data do último levantamento, os mortos iraquianos totalizavam 280. Os EUA realizaram fortes ataques contra a cidade, um dos centros da resistência sunita, inclusive com bombardeios aéreos. "Temos notícias de pessoas que foram enterradas nos quintais de suas casas, e cujas famílias não notificaram o óbito às autoridades", disse Issawi.
Entrevistado pela rede americana ABC, Paul Bremer, administrador civil do Iraque, disse que os EUA impõem como condição para a manutenção do cessar-fogo que os insurgentes não mais ataquem as patrulhas americanas.
O cessar-fogo tem como objetivo permitir que membros do Conselho de Governo Iraquiano negociem com os insurgentes. A intensidade do ataque dos EUA em Fallujah provocou críticas dos líderes iraquianos que formam o conselho, nomeado pelos EUA.
Indagado sobre a veracidade dos registros de centenas de mortos, o coronel americano Brennan Byrne disse que "95% desses iraquianos eram do sexo masculino e estavam em idade de prestar serviço militar", numa alusão ao suposto estatuto de combatente das vítimas. "Os marines são treinados para atingir com precisão seus alvos. O fato de terem atingido 600 demonstra que eles são muito bons naquilo que fazem", disse Byrne, segundo a AP.
No sábado, o militar americano dissera que eram apenas 40 os insurgentes mortos em Fallujah, e que 19 outros poderiam ter perecido durante o cerco.
Cadáveres foram sepultados em campos de futebol, e familiares aproveitavam a trégua de ontem para realizar rápidas cerimônias fúnebres. Num desses locais, batizado de "o cemitério dos mártires", cerca de 300 corpos já haviam sido enterrados, disse Khalaf al Jumailium, um coveiro voluntário.
Cerca de um terço dos moradores da cidade conseguiu fugir nos últimos dias. Os combates se concentraram nas zonas residenciais e ao redor de mesquitas. Os americanos tiveram o apoio de helicópteros e de aviões AC-130.
Comparada ao quadro de guerrilha urbana que vigorou até sábado pela manhã, a cidade estava ontem bastante calma, com tiros esporádicos aqui e ali. Só dois marines foram feridos ontem.
Membros do Conselho de Governo Iraquiano prosseguiam as negociações com líderes religiosos, responsáveis pelas milícias e dirigentes tribais da região.


Com agências internacionais


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