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11 DE SETEMBRO
Casa Branca divulga relatório de agosto de 2001 que previa atentado nos EUA, mas nega ter ignorado ameaça
Bush é criticado por não ter reagido a alerta
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Um relatório recebido pelo presidente dos EUA, George W.
Bush, mais de um mês antes dos
ataques de 11 de Setembro e liberado parcialmente para conhecimento público no sábado à noite,
trazia a informação de que a Al
Qaeda agia dentro do país e poderia estar se preparando para seqüestrar aviões em vôos domésticos nos Estados Unidos.
O documento, intitulado "Bin
Laden decidido a atacar dentro
dos EUA", foi minimizado pela
assessora de Segurança Nacional
dos EUA, Condoleezza Rice, em
seu depoimento na última quinta-feira diante da comissão independente que investiga os ataques
ao World Trade Center, em Nova
York, e ao Pentágono, perto de
Washington, em 2001.
Segundo Rice, o texto trazia
apenas informações "históricas",
baseadas em relatos antigos, sobre a atividade da Al Qaeda.
O documento de 6 de agosto de
2001 traz a informação de que havia "atividades suspeitas" nos
EUA, relacionadas com "preparativos para seqüestros [de aviões]
ou outros tipos de ataques". Atribui ainda a uma agência de inteligência estrangeira (o nome é omitido) a informação de que Bin Laden "deseja retaliar [os ataques
americanos a sua base no Afeganistão em 1998] em Washington"
e que a organização estaria "observando prédios federais em Nova York".
Após a divulgação do documento, sábado à noite, funcionários da Casa Branca reconheceram, segundo o "New York Times", que algumas das informações ali contidas podiam ser descritas como "próximas do tempo
presente" ou "recentes".
O argumento dos defensores do
presidente -acusado pelos adversários de não ter dado a devida
atenção às ameaças terroristas antes dos ataques de 2001- é de que
o documento é genérico, não traz
data ou lugar específico que poderia ser atacado e não alerta que os
próprios aviões seriam usados como "mísseis".
É a primeira vez que um relatório desse tipo (produzido diariamente) é liberado para conhecimento público enquanto o presidente que o recebeu ainda ocupa
o cargo. Membros da comissão
sobre o 11 de Setembro pressionaram para que isso acontecesse.
Ontem, Bush afirmou que, na
época, sentiu-se satisfeito pelo fato de que havia agentes federais
investigando as ameaças descritas
no memorando. "Eu teria movido
montanhas para impedir os ataques", disse o presidente.
Ele declarou ainda que o documento não continha "nada sobre
um ataque na América". "Falava
de intenções, sobre alguém [Bin
Laden] que odiava os EUA
-bem, nós já sabíamos disso."
Reagindo ao conteúdo do memorando, o senador republicano
John McCain disse que, "em retrospecto", é possível concluir
que o texto deveria ter sido considerado como "um sinal de alerta",
mais do que realmente aconteceu.
Perguntas ao FBI
O documento também revelava
que o FBI realizava àquela época
70 investigações diferentes relacionadas às atividades de Bin Laden. Para o republicano Slade
Gordon, um dos membros da comissão, "o FBI tem mais perguntas a responder que Condoleezza
Rice". A informação sobre as investigações em curso pelo FBI, ele
diz, "tranquilizariam de alguma
maneira qualquer pessoa que as
lessem pela primeira vez".
Questionado se as agências de
inteligência americanas deveriam
ter feito mais para prevenir os ataques, Bush foi evasivo: "Isso é o
que a comissão deve investigar, e
espero que o faça".
O relatório adiciona dúvidas ao
que já foi o principal atributo eleitoral de Bush -o combate ao terrorismo. Rand Beers, da equipe
do candidato democrata John F.
Kerry, ex-conselheiro de contraterrorismo da Casa Branca, afirmou: "Penso que o presidente poderia ter feito mais".
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