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Nos territórios,
jovens buscam
prisões de Israel
LUKE BAKER
DA REUTERS, EM JERUSALÉM
Autoridades israelenses e palestinas dizem que cresce o número de jovens palestinos desesperados que se fazem prender propositalmente para ser
detidos em prisões israelenses.
Os jovens, em sua maioria
adolescentes, vêm recorrendo
a essa opção perigosa em parte
porque dizem que é mais fácil
estudar para seus exames numa prisão israelense do que fazê-lo em suas casas na Cisjordânia. Alguns o fazem para fugir da pobreza cada vez maior.
Desde janeiro, quando o fenômeno foi identificado, autoridades do Exército israelense
dizem que pelo menos 80 rapazes já apareceram nas barreiras
militares e pediram para ser
presos, ou então levaram armas até as barreiras para garantir que fossem detidos.
"É um fenômeno crescente e
que nos preocupa", disse um
alto oficial da Força de Defesa
israelense que vem tratando da
questão, mas pediu para não
ser identificado. "É um fenômeno muito perigoso, ao qual
queremos pôr fim."
Funcionários palestinos do
setor civil dizem que o número
pode ser muito superior a 80 e
que vem aumentando, à medida que se disseminam entre os
jovens rumores sobre os potenciais benefícios da prisão.
Hijazi Abdul-Rahman, 18, vive num povoado próximo a Jenin, na Cisjordânia, e um mês
atrás foi com seu amigo Malik
até uma barreira militar nas
proximidades, procurando ser
preso. Ele carregava um pequeno punhal e Malik, que não
quis informar seu sobrenome,
portava abertamente uma
bomba caseira malfeita.
Os dois foram detidos pelas
forças de segurança israelenses
e presos numa cela temporária,
mas foram soltos 25 dias depois, quando, após interrogatório, ficou claro que não constituíam ameaça à segurança.
Foi uma decepção para Abdul-Rahman. "Perdi minha
chance", disse ele, em sua casa,
ao norte de Jenin. "Queria fazer
os exames do segundo grau na
prisão. É muito mais fácil do
que na escola daqui."
O rapaz contou que seu plano
era permanecer preso por até
três anos, concluir o secundário e cursar parte da universidade na prisão, onde ainda receberia uma ajuda do governo
palestino. As prisões israelenses oferecem grupos de estudo
cujos integrantes palestinos
podem fazer vários exames na
própria prisão.
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