São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2008

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Grupo pró-Europa vence eleição na Sérvia

Coalizão do presidente Boris Tadic derrota nacionalistas, mas tem de atrair mais partidos para formar maioria

DA REDAÇÃO

O grupo pró-União Européia da Sérvia derrotou os nacionalistas nas eleições legislativas de ontem. Poucas horas após o fechamento das urnas, o presidente pró-ocidental Boris Tadic proclamou a vitória de sua Coalizão por uma Sérvia Européia sobre os ultranacionalistas do Partido Radical Sérvio.
Como a coalizão não conseguiu maioria absoluta -fez 103 das 250 cadeiras-, precisará aliar-se a partidos menores para formar um governo. Assim, existe a possibilidade de os grupos nacionalistas se unirem contra Tadic.
O líder dos ultranacionalistas, Tomislav Nikolic, reclamou do fato de o presidente ter proclamado vitória e disse que tem boas chances de formar uma maioria juntando-se a outros partidos conservadores.
O presidente Tadic, por seu lado, descreveu a vitória da coalizão como "convincente" e disse que ela mostra que a maioria dos sérvios deseja ingressar na União Européia.
Mas, numa espécie de concessão ao nacionalismo, Tadic afirmou que seu governo jamais reconhecerá Kosovo como um Estado independente.
De acordo com projeções, a coalizão deverá ficar com 39% dos votos, contra 28,6% dos ultranacionalistas de Nikolic.
Em terceiro lugar, com 11,6%, deverá ficar o Partido Democrático da Sérvia, liderado pelo premiê demissionário, Vojislav Kostunica. Depois que Kosovo declarou independência, Kostunica rompeu com Tadic (o que precipitou o pleito de ontem) e abraçou posições nacionalistas mais radicais.
O Partido Socialista do ex-homem-forte da Sérvia Slobodan Milosevic obteve mais votos que o esperado, perfazendo 8,2%, o suficiente para obter representação parlamentar.
As eleições de ontem foram as primeiras desde que Kosovo declarou sua independência, em fevereiro. Com isso, muitos analistas esperavam que os brios nacionalistas levassem a uma vitória dos radicais.
O comparecimento ao pleito foi de 60%. É uma taxa menor do que a das eleições presidenciais de janeiro, mas alta para um pleito legislativo.
Dragan Sutanovac, o ministro da Defesa da Sérvia e membro da coalizão de Tadic, disse que os eleitores "preferiram a realidade a mitos", referindo-se à idéia transmitida pelos radicais de que a Sérvia não sobreviveria sem Kosovo. Ele disse que a coalizão está aberta a negociações com todos os partidos, exceto os radicais.
Os sérvios de Kosovo organizaram um pleito paralelo no novo Estado, como se ele ainda fizesse parte da Sérvia. A ONU classificou as eleições como ilegais, mas não impediu a população de votar.
Kostunica e Nikolic tentaram galvanizar a insatisfação dos sérvios com a independência de Kosovo e seu reconhecimento por parte de EUA, Canadá, Japão e países-chave da UE.
Os sérvios consideram Kosovo, território onde os eslavos travaram importantes batalhas contra o império Otomano, o coração do país.


Com agências internacionais


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