São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Sri Lanka sofre "banho de sangue"

Ao menos 430 civis, entre eles 106 crianças, morrem em fogo cruzado de Exército e guerrilha tâmil

Adversários em guerra civil que assola país desde 1983 trocam acusações sobre responsabilidade pelas mortes do fim de semana


DA REDAÇÃO

Centenas de civis foram mortos em ataques no fim de semana na região norte do Sri Lanka, conflagrada pelo conflito entre o governo e o grupo separatista Tigres Tâmeis, ação descrita pelo escritório local da ONU como "banho de sangue".
Segundo autoridades médicas -única fonte de informação-, 430 mortos, entre eles 106 crianças, foram levados ao hospital improvisado na região. As vítimas devem, porém, chegar a mil, ainda conforme os médicos, uma vez que a maior parte delas ficou pelo caminho.
Para o porta-voz da ONU, Gordon Weiss, "a matança em larga escala de civis mostra que o banho de sangue para cuja possibilidade vínhamos advertindo tornou-se realidade".
Os Tigres Tâmeis, por meio de página na internet, disseram que as vítimas passam de 3.200 e acusaram o governo de matar indiscriminadamente civis da minoria tâmil na investida contra o grupo separatista.
Colombo rejeitou as alegações e acusou os Tigres Tâmeis de promover o massacre para obter apoio internacional a um cessar-fogo que permita que eles, acuados pela ofensiva militar, reagrupem forças.
ONGs da área de direitos humanos, que há meses denunciam a dramática situação humanitária no país, exortaram o Conselho de Segurança a convocar sessão para abordar a questão. Mas países com poder veto, como China e Rússia, relutam (consideram o tema um assunto interno cingalês).

"Investida final"
Em janeiro, o Exército do Sri Lanka retomou a cidade de Kilinochchi, capital do Estado rebelde mantido pelos Tigres Tâmeis na região norte do país, que chegou a ter 65 mil km2, e anunciou a "investida final" contra o grupo. Desde então, o governo impôs sucessivos recuos aos rebeldes, hoje confinados em uma área de 5 km2.
Mas o conflito na pequena ilha do oceano Índico -pouco maior que a Paraíba- de 21 milhões de habitantes remete à independência do domínio britânico, em 1948, e à promulgação de Constituição com privilégios à maioria cingalesa (74% da população) 24 anos depois.
Em 1983, os Tigres Tâmeis, o mais notório das dezenas de grupos rebeldes da minoria tâmil (18%), declarou guerra a Colombo, proclamando a independência do território tâmil.
O grupo rebelde é pioneiro em ataques suicidas e o único no mundo que chegou a ter capacidade militar aérea e naval.
Em 26 anos, o conflito já deixou 100 mil mortos, segundo o International Crisis Group. Só nos últimos meses o recrudescimento dos combates já fez mais de 8.000 vítimas. Estima-se que entre 50 mil e 100 mil pessoas estejam em meio ao fogo cruzado. Os refugiados são estimados em cerca de 150 mil.

Com agências internacionais



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