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Sri Lanka sofre "banho de sangue"
Ao menos 430 civis, entre eles 106 crianças, morrem em fogo cruzado de Exército e guerrilha tâmil
Adversários em guerra civil que assola país desde 1983 trocam acusações sobre responsabilidade pelas mortes do fim de semana
DA REDAÇÃO
Centenas de civis foram mortos em ataques no fim de semana na região norte do Sri Lanka,
conflagrada pelo conflito entre
o governo e o grupo separatista
Tigres Tâmeis, ação descrita
pelo escritório local da ONU
como "banho de sangue".
Segundo autoridades médicas -única fonte de informação-, 430 mortos, entre eles
106 crianças, foram levados ao
hospital improvisado na região.
As vítimas devem, porém, chegar a mil, ainda conforme os
médicos, uma vez que a maior
parte delas ficou pelo caminho.
Para o porta-voz da ONU,
Gordon Weiss, "a matança em
larga escala de civis mostra que
o banho de sangue para cuja
possibilidade vínhamos advertindo tornou-se realidade".
Os Tigres Tâmeis, por meio
de página na internet, disseram
que as vítimas passam de 3.200
e acusaram o governo de matar
indiscriminadamente civis da
minoria tâmil na investida contra o grupo separatista.
Colombo rejeitou as alegações e acusou os Tigres Tâmeis
de promover o massacre para
obter apoio internacional a um
cessar-fogo que permita que
eles, acuados pela ofensiva militar, reagrupem forças.
ONGs da área de direitos humanos, que há meses denunciam a dramática situação humanitária no país, exortaram o
Conselho de Segurança a convocar sessão para abordar a
questão. Mas países com poder
veto, como China e Rússia, relutam (consideram o tema um
assunto interno cingalês).
"Investida final"
Em janeiro, o Exército do Sri
Lanka retomou a cidade de Kilinochchi, capital do Estado rebelde mantido pelos Tigres Tâmeis na região norte do país,
que chegou a ter 65 mil km2, e
anunciou a "investida final"
contra o grupo. Desde então, o
governo impôs sucessivos recuos aos rebeldes, hoje confinados em uma área de 5 km2.
Mas o conflito na pequena
ilha do oceano Índico -pouco
maior que a Paraíba- de 21 milhões de habitantes remete à
independência do domínio britânico, em 1948, e à promulgação de Constituição com privilégios à maioria cingalesa (74%
da população) 24 anos depois.
Em 1983, os Tigres Tâmeis, o
mais notório das dezenas de
grupos rebeldes da minoria tâmil (18%), declarou guerra a
Colombo, proclamando a independência do território tâmil.
O grupo rebelde é pioneiro
em ataques suicidas e o único
no mundo que chegou a ter capacidade militar aérea e naval.
Em 26 anos, o conflito já deixou 100 mil mortos, segundo o
International Crisis Group. Só
nos últimos meses o recrudescimento dos combates já fez
mais de 8.000 vítimas. Estima-se que entre 50 mil e 100 mil
pessoas estejam em meio ao fogo cruzado. Os refugiados são
estimados em cerca de 150 mil.
Com agências internacionais
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