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Comércio dita o tom na visita de chanceler da Coreia do Norte
Sem "dar lição a ninguém", ministro brasileiro trata também das questões nuclear e humanitária
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A diplomacia brasileira deu
ontem um tom comercial à visita do chanceler da Coreia do
Norte, Pak Ui-chun, a Brasília
-a primeira desde que o Brasil
anunciou, no ano passado, sua
decisão de abrir uma embaixada em Pyongyang. Mas temas
polêmicos, como a questão nuclear e a dos direitos humanos,
também entraram na pauta.
Na conversa com o chanceler
Celso Amorim, o visitante externou interesse de receber investimentos brasileiros nos setores de petróleo e minério, segundo fontes do Itamaraty.
No caso do petróleo, à Coreia
interessa a cooperação para
prospecção em águas profundas, uma tecnologia de que a
Petrobras dispõe. Já o Brasil almeja fomentar a exportação de
carne suína e de frango, além de
maquinário agrícola.
As vendas brasileiras à Coreia do Norte cresceram 106%
entre 2007 e 2008. Mas o comércio bilateral, que alcançou
US$ 381,1 milhões, ainda é ínfimo na pauta nacional.
As relações diplomáticas entre os dois países foram estabelecidas há oito anos e, desde
2005, a Coreia do Norte tem
uma embaixada no Brasil. Já a
Embaixada do Brasil em
Pyongyang deve abrir oficialmente em 29 de maio, dia em
que o embaixador designado
para o posto, Arnaldo Carrilho,
desembarca no país.
Ontem, na conversa entre os
dois chanceleres, o Brasil disse
ser favorável a uma "solução
negociada" na península Coreana, segundo relatos de participantes da reunião.
O lançamento de um foguete
pela Coreia do Norte em meados de abril entrou na pauta,
mas, segundo a Folha apurou,
os comentários nesse sentido
se mantiveram na mesma linha
da nota oficial divulgada em
abril, na qual o governo manifestou "preocupação" com a
decisão e conclamou o país a
recuar das suas reações contra
a ONU, "com vistas à manutenção da paz e da estabilidade".
O governo brasileiro encorajou a Coreia a colaborar com os
mecanismos do Conselho de
Direitos Humanos da ONU. No
fim de março, o órgão aprovou
resolução condenando duramente as violações dos direitos
humanos na Coreia do Norte.
Tanto o tema nuclear quanto
o humanitário foram tratados,
segundo relatou um diplomata,
sem pretensão de "dar lição a
ninguém". Amorim foi convidado para visita oficial à Coreia
do Norte, e há expectativa de
que ele possa ir em 2010.
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