São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Comércio dita o tom na visita de chanceler da Coreia do Norte

Sem "dar lição a ninguém", ministro brasileiro trata também das questões nuclear e humanitária

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A diplomacia brasileira deu ontem um tom comercial à visita do chanceler da Coreia do Norte, Pak Ui-chun, a Brasília -a primeira desde que o Brasil anunciou, no ano passado, sua decisão de abrir uma embaixada em Pyongyang. Mas temas polêmicos, como a questão nuclear e a dos direitos humanos, também entraram na pauta.
Na conversa com o chanceler Celso Amorim, o visitante externou interesse de receber investimentos brasileiros nos setores de petróleo e minério, segundo fontes do Itamaraty.
No caso do petróleo, à Coreia interessa a cooperação para prospecção em águas profundas, uma tecnologia de que a Petrobras dispõe. Já o Brasil almeja fomentar a exportação de carne suína e de frango, além de maquinário agrícola.
As vendas brasileiras à Coreia do Norte cresceram 106% entre 2007 e 2008. Mas o comércio bilateral, que alcançou US$ 381,1 milhões, ainda é ínfimo na pauta nacional.
As relações diplomáticas entre os dois países foram estabelecidas há oito anos e, desde 2005, a Coreia do Norte tem uma embaixada no Brasil. Já a Embaixada do Brasil em Pyongyang deve abrir oficialmente em 29 de maio, dia em que o embaixador designado para o posto, Arnaldo Carrilho, desembarca no país.
Ontem, na conversa entre os dois chanceleres, o Brasil disse ser favorável a uma "solução negociada" na península Coreana, segundo relatos de participantes da reunião.
O lançamento de um foguete pela Coreia do Norte em meados de abril entrou na pauta, mas, segundo a Folha apurou, os comentários nesse sentido se mantiveram na mesma linha da nota oficial divulgada em abril, na qual o governo manifestou "preocupação" com a decisão e conclamou o país a recuar das suas reações contra a ONU, "com vistas à manutenção da paz e da estabilidade".
O governo brasileiro encorajou a Coreia a colaborar com os mecanismos do Conselho de Direitos Humanos da ONU. No fim de março, o órgão aprovou resolução condenando duramente as violações dos direitos humanos na Coreia do Norte.
Tanto o tema nuclear quanto o humanitário foram tratados, segundo relatou um diplomata, sem pretensão de "dar lição a ninguém". Amorim foi convidado para visita oficial à Coreia do Norte, e há expectativa de que ele possa ir em 2010.


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