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"Pecados de dentro" são maior ameaça à igreja, afirma papa
Bento 16 diz que a instituição precisa se penitenciar por conta dos escândalos de pedofilia envolvendo sacerdotes
Declarações contrastam com a retórica inicial do Vaticano de que escândalos eram parte de campanha externa de difamação
DA REDAÇÃO
A maior ameaça ao catolicismo não vem de inimigos externos, e sim "dos pecados de dentro da igreja", afirmou ontem o
papa Bento 16, na mais direta
admissão de culpa da instituição nos escândalos de pedofilia
envolvendo padres católicos.
Em contraste com a retórica
inicial de alguns setores católicos e do próprio Vaticano -de
que os escândalos eram parte
de uma campanha difamatória
externa-, Bento 16 disse que "a
igreja precisa reaprender profundamente a [fazer] penitência" por seus pecados e "aceitar
a purificação".
Agregou que "o perdão não
substitui a justiça" nos casos de
abusos sexuais e que não tolerará tais abusos. As declarações
foram dadas a jornalistas a bordo do avião papal rumo a Lisboa, Portugal.
Na pior crise do pontificado
de Bento 16, a igreja tem sido
alvo de uma série de denúncias
de abusos sistemáticos de menores envolvendo padres católicos, em dez países europeus e
em EUA e Brasil.
Em três dos casos (dois nos
EUA e um na Alemanha), há indícios de que o papa, quando
ainda era cardeal, tenha sido
omisso na reação a casos de pedofilia de subordinados.
Recentemente, Bento 16 disse que a igreja devia "penitências" por seus pecados, publicou diretrizes contra a pedofilia -recomendando pela primeira vez denúncias à Justiça
civil- e prometeu "ação" contra os padres pedófilos.
Também aceitou renúncias
de bispos que admitiram culpa
no acobertamento de abusos.
Ontem, o pontífice disse que
a igreja sempre sofreu de problemas produzidos por si própria, tendência percebida
atualmente "de uma maneira
aterrorizante".
Críticos, por outro lado, alegam que, apesar das renúncias,
os sacerdotes não foram diretamente punidos. "Muitos estão
cansados de ouvir sobre os "comentários fortes" [do papa] e
querem ver ações fortes", disse
ontem David Clohessy, diretor
de uma associação de vítimas
de abusos de padres nos EUA.
Ética nas finanças
Já em Portugal, país de maioria católica e profundamente
afetado pela crise econômica, o
papa pediu responsabilidade
moral e ética ao sistema financeiro mundial.
Portugal está em vias de legalizar o matrimônio entre homossexuais e em 2007 descriminalizou o aborto -fato criticado ontem pelo papa.
Também ontem, Bento 16 celebrou uma missa ao ar livre,
acompanhada por centenas de
milhares de pessoas em Lisboa.
Com agências internacionais
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