UOL


São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

UMA VISÃO PALESTINA

"Israel perpetua a violência"

DE NOVA YORK

Para Edward Abington, há três anos consultor da Autoridade Nacional Palestina nos EUA, a política de Israel é contraditória. Por um lado, diz ele, o governo de Israel compromete-se com o processo de paz. Por outro, ataca líderes de grupos palestinos. "Tudo o que ele fez foi perpetuar a violência", diz Abington, que já foi cônsul dos EUA em Jerusalém. (RD)
 

Folha - Qual sua opinião sobre o começo do novo plano de paz?
Edward Abington -
Acho que o que aconteceu é o que já vimos no passado, quando havia uma possibilidade de deixar a violência de lado para algum tipo de negociação: extremistas trouxeram de volta a violência. A tentativa de Israel de assassinar o líder do Hamas ontem certamente criou uma situação muito instável. Temo que as bombas que aconteceram hoje [ontem], infelizmente, eram muito previsíveis.

Folha - O sr. acha que Abu Mazen pode acabar tendo o mesmo destino de Iasser Arafat?
Abington -
O problema é que Abu Mazen está numa situação muito frágil. Para ter sucesso, ele precisa da cooperação de Israel e de um apoio muito forte dos EUA. Acho que ele tem o apoio americano, mas está ficando sem a cooperação israelense. Se ele falhar, a situação vai descambar para o caos total.

Folha - E Sharon, o sr. acha que ele pode falhar em conter a pressão de grupos extremistas?
Abington -
Há gente no governo Sharon, e incluiria Sharon entre eles, que pensam que a violência contra os palestinos é a única maneira de resolver os problemas. Sharon aprovou a tentativa de assassinato ontem.
É difícil acreditar que ele não entenda o quanto isso poderia prejudicar o primeiro-ministro [palestino]. Acho que o atual governo de Israel, nos últimos dois anos, tem sido muito duro nas negociações com os militantes palestinos. Mas não creio que se vá resolver esse problema com força militar. Não acredito que a política israelense tenha funcionado. Tudo o que ela fez foi perpetuar a violência. Há uma política contraditória sendo seguida. Por um lado, Sharon aceita o plano de paz. Por outro, toma essas atitudes recentes.


Texto Anterior: Paz sob ataque: Bush condena terror e apela por ajuda
Próximo Texto: Uma visão israelense: "Palestinos precisam cooperar"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.