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UMA VISÃO PALESTINA
"Israel perpetua a violência"
DE NOVA YORK
Para Edward Abington, há três
anos consultor da Autoridade Nacional Palestina nos EUA, a política de Israel é contraditória. Por
um lado, diz ele, o governo de Israel compromete-se com o processo de paz. Por outro, ataca líderes de grupos palestinos. "Tudo o
que ele fez foi perpetuar a violência", diz Abington, que já foi cônsul dos EUA em Jerusalém.
(RD)
Folha - Qual sua opinião sobre o
começo do novo plano de paz?
Edward Abington - Acho que o
que aconteceu é o que já vimos no
passado, quando havia uma possibilidade de deixar a violência de
lado para algum tipo de negociação: extremistas trouxeram de
volta a violência. A tentativa de Israel de assassinar o líder do Hamas ontem certamente criou uma
situação muito instável. Temo
que as bombas que aconteceram
hoje [ontem], infelizmente, eram
muito previsíveis.
Folha - O sr. acha que Abu Mazen
pode acabar tendo o mesmo destino de Iasser Arafat?
Abington - O problema é que
Abu Mazen está numa situação
muito frágil. Para ter sucesso, ele
precisa da cooperação de Israel e
de um apoio muito forte dos
EUA. Acho que ele tem o apoio
americano, mas está ficando sem
a cooperação israelense. Se ele falhar, a situação vai descambar para o caos total.
Folha - E Sharon, o sr. acha que
ele pode falhar em conter a pressão
de grupos extremistas?
Abington - Há gente no governo
Sharon, e incluiria Sharon entre
eles, que pensam que a violência
contra os palestinos é a única maneira de resolver os problemas.
Sharon aprovou a tentativa de assassinato ontem.
É difícil acreditar que ele não
entenda o quanto isso poderia
prejudicar o primeiro-ministro
[palestino]. Acho que o atual governo de Israel, nos últimos dois
anos, tem sido muito duro nas negociações com os militantes palestinos. Mas não creio que se vá
resolver esse problema com força
militar. Não acredito que a política israelense tenha funcionado.
Tudo o que ela fez foi perpetuar a
violência. Há uma política contraditória sendo seguida. Por um lado, Sharon aceita o plano de paz.
Por outro, toma essas atitudes recentes.
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