UOL


São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Americanos atenuam tema das armas

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

A maioria da população norte-americana continua aprovando a guerra no Iraque mesmo sem os EUA terem encontrado armas de destruição em massa no país.
No Congresso, o fato de a principal justificativa para os ataques não ter se materializado não incomoda nem algumas das principais lideranças da oposição.
O Partido Democrata tentou formar nesta semana uma comissão especial para investigar se a administração George W. Bush "inflou" os informes dos serviços de inteligência dos EUA para atacar Saddam Hussein.
Ontem, com a ajuda de senadores democratas e até de um dos principais presidenciáveis do partido na eleição de 2004, os republicanos conseguiram praticamente enterrar o assunto.
"Há uma longa, consistente e clara evidência de que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa, e ainda estou convencido de que nós iremos encontrá-las", afirmou o presidenciável democrata Richard Gephardt, normalmente um feroz crítico do governo Bush.
A única ação do Congresso dos EUA em relação ao tema será um exame genérico dos documentos apresentados pelos serviços de inteligência a respeito do programa de armas do Iraque.
Eventualmente, alguns agentes da CIA (o serviço secreto americano) também poderão ser chamados para depor.
Ao contrário do que ocorre no Reino Unido, vencida a guerra, os norte-americanos vêm se mostrando indiferentes ao tema.
Pesquisa do instituto Gallup indica que 56% dos americanos consideram que a guerra está justificada mesmo que não sejam encontradas armas químicas ou biológicas no Iraque.
Outro levantamento, da rede Fox News, mostrou que 69% dos americanos continuarão apoiando a guerra mesmo que "nenhum sinal" das armas seja encontrado.

"Tony Bliar"
No Reino Unido, o premiê Tony Blair vem sendo pressionado por mais de 50 parlamentares do seu próprio partido, o Trabalhista, para apresentar provas de que o Iraque tinha as armas usadas como justificativa para a guerra.
Nesta semana, uma das principais revistas britânicas, a "Economist", publicou editorial com o título "Tony Bliar?" fazendo um trocadilho com a palavra "liar" (mentiroso, em inglês).
Diferentemente dos EUA, onde os norte-americanos gostariam que Saddam Hussein já tivesse sido deposto na primeira Guerra do Golfo, em 1991, Blair teve um pouco mais de dificuldades para convencer os ingleses da necessidade da guerra -e as armas foram seu principal argumento.


Texto Anterior: Iraque ocupado: Após ataques, EUA detêm 397 iraquianos
Próximo Texto: Garoto-propaganda: Allen promove França em vídeo turístico
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.