São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007

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Confrontos entre Fatah e Hamas fazem vítimas dentro de hospital

Violência entre palestinos deixou ontem 13 mortos e assusta população civil

DA REDAÇÃO

O conflito entre militantes palestinos do grupo radical islâmico Hamas e do laico Fatah fez ontem 13 mortos e frustrou mais uma tentativa de cessar-fogo, que havia sido anunciada pelo Egito horas antes do início dos enfrentamentos.
Envolvidos em confrontos que recrudesceram no mês passado, o Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, e o Hamas, do premiê Ismail Haniyeh, tentam colocar em prática um governo de coalizão formado, na teoria, há dois meses.
Os últimos combates -que desde maio já deixaram mais de 70 mortos- foram motivados em grande parte por uma desavença quanto a qual grupo controlará as forças de segurança palestinas. À parte essa questão prática, há divergências políticas: o Hamas, que se nega a reconhecer o Estado de Israel, acusa o Fatah de se aliar aos israelenses; e o Fatah afirma que o Hamas impede uma solução política para a criação de um futuro Estado palestino.
Foram palco dos confrontos de ontem dois hospitais na faixa de Gaza. No mais sangrento deles, três palestinos ligados ao Fatah -um homem e dois de seus filhos- foram mortos nas dependências do hospital da cidade de Beit Hanoun.
Num outro episódio de violência, o gabinete do premiê Haniyeh foi alvejado, mas ninguém se feriu.
A nova onda de choques foi detonada pelos acontecimentos de domingo, quando seis pessoas morreram -entre elas um membro da guarda de elite de Abbas, seqüestrado e jogado do 15º andar de um edifício por militantes do Hamas.

"Véu de medo"
Os confrontos entre os palestinos têm criado um clima de terror entre a população de Gaza e da Cisjordânia que muitos dizem nunca terem vivido.
"Há um véu de medo sobre a cidade", diz o ativista de direitos humanos Raji Sourani sobre Gaza.
Exemplificam essa atmosfera casos como o do médico Fayez al Barrawi, de 29 anos. Hospitalizado, Barrawi, simpatizante do Hamas, conta que assistia à cerimônia de formatura de uma turma da Guarda Presidencial de Abbas, da qual participava um de seus irmãos. Como estava gravando a cerimônia, foi pego por militantes do Fatah que o acusaram de espionagem. Vendado, algemado e levado do local, Barrawi foi interrogado por seus captores, que por fim deram seis tiros em suas pernas e um outro em seu joelho e o jogaram no mato.
"Isso é uma vergonha para o nosso povo", disse Mahmoud Abbas ontem na Cisjordânia. "Eu convoco todos a pararem com isso agora", completou o presidente palestino.


Com agências internacionais


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